Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:
O desfecho das eleições na Câmara dos Deputados, com aquela atitude autoritária do presidente Arthur Lira (Progressistas), seguindo à risca a cartilha do bolsonarismo e que foi considerada uma tentativa de golpe pela oposição, de invalidar a votação para os cargos da mesa diretora devido a um suposto erro regimental cometido por Rodrigo Maia no horário do registro da chapa de Baleia Rossi, abrindo espaço para que seus aliados dominem as cadeiras no seu entorno na direção dos rumos da Casa Legislativa, algo que acabou minimizado depois de um acordo realizado ontem com os partidos de oposição, apenas dá o tom de como deve ser a relação entre o deputado e seus pares que não aceitarem sua impostura.
Já há quem compare o bolsonarista de ocasião, tal qual Rodrigo Maia, diga-se, ao ex-presidente da Câmara que foi um dos articuladores do golpe que nos levou a esse quadro de retrocesso civilizatório. Eu me refiro, evidentemente, a Eduardo Cunha, que posteriormente foi afastado do cargo de parlamentar, condenado e preso pela Polícia Federal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A ficha corrida de Lira também não é das menores. O novo porto-seguro do bolsonarismo é acusado de sonegação fiscal e réu por peculato e lavagem de dinheiro no Supremo Tribunal Federal, o que o impede de estar na linha sucessória da Presidência da República caso Bolsonaro e Mourão precisem se ausentar. O ex-capitão virou refém de alguém da sua estirpe e agora precisa pagar a conta da vitória do seu aliado. O baixo clero já cobra os Ministérios da Cidadania e da Saúde, além da Pasta da Educação e dos bilhões de reais em emendas parlamentares. É o bom e velho fisiologismo dando as cartas na institucionalidade, como sempre.
Mas eu não queria me ater apenas a esse espetáculo lamentável que acontece na Câmara. Eu preciso abordar uma imagem que surgiu ontem nas redes sociais, gerou muita repercussão e simboliza com perfeição o papel que algumas figuras representam na sociedade. O Padre Júlio Lancelotti publicou uma foto onde ele aparece quebrando pedras colocadas embaixo do viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida, no Tatuapé, em São Paulo, para coibir a presença de pessoas em situação de rua.
A iniciativa de tamanha perversidade é do prefeito da capital paulista Bruno Covas, que acompanha seu padrinho político João Doria nas ações violentas contra pessoas em vulnerabilidade social. Vale lembrar que o governador de São Paulo já tentou desalojar dependentes químicos que ocupavam praças com jatos de água gelada. A estratégia higienista dessa gente não encontra limites.
Fica aqui a nossa solidariedade e reconhecimento a esse que é um dos grandes brasileiros vivos e que, mesmo aos 72 anos, em meio a uma pandemia, coloca sua vida em risco na defesa das pessoas invisibilizadas por uma sociedade hipócrita e cruel.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: