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Depois de uma campanha muito polêmica, com acusações de parte a parte e uma série de pautas sensíveis em debate, Donald Trump e Joe Biden disputam hoje a preferência popular nas eleições que vão escolher o presidente dos Estados Unidos pelos próximos quatro anos.
Com quase 100 milhões de votos tendo sido feitos de maneira antecipada, um recorde absoluto na história do país, o candidato do partido Democrata é o favorito a ocupar a Casa Branca na vaga do Republicano, que concorre à reeleição, mas Trump tenta novamente desafiar a lógica, já que em 2016, Hillary Clinton aparecia à frente nas pesquisas de opinião e o magnata acabou conquistando a vitória pelo Colégio Eleitoral, ainda que tenha perdido no voto popular.
A grande questão é que o mundo todo está de olho no resultado dessas eleições, que ainda deve demorar a sair dado seu formato complicado. Um triunfo de Joe Biden pode modificar o rumo das relações dos Estados Unidos com alguns países, inclusive o Brasil, visto que o presidente Jair Bolsonaro já anunciou apoio a Trump e o Democrata prometeu endurecer as ações caso o ex-capitão do Exército siga em sua cruzada contra o meio ambiente.
Vamos aguardar a decisão do povo estadunidense e, acima de tudo, torcer para que Donald Trump aceite pacificamente uma derrota, algo que ele já ameaçou não fazer em diversas ocasiões. Nós tivemos no final de semana aquele surpreendente pedido de demissão do jornalista Glenn Greenwald do site The Intercept Brasil, acusando os editores do veículo de censurarem um texto seu onde ele fazia denúncias contra Joe Biden, mas nós vamos nos dedicar a esse tema no programa de amanhã, onde entrevistaremos o próprio Glenn.
Eu gostaria de lembrar no nosso espaço editorial de hoje um episódio trágico no nosso país, que completa cinco anos na próxima quinta-feira (05): o rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em Mariana, Minas Gerais.
Para recordar essa tragédia e falar um pouco sobre o drama das famílias atingidas por esse verdadeiro crime protagonizado pela mineradora Samarco, que tem a Vale como uma das controladoras, eu gostaria de ler um texto publicado pela jornalista Cristina Serra no jornal Folha de S. Paulo na última sexta-feira, que tem o título “Cinco anos de lama e impunidade”:
“Cinco anos depois do maior desastre socioambiental do Brasil —o colapso da barragem de Fundão, em Mariana (MG)—, os atingidos vivem uma tragédia judicial. Até hoje ninguém foi responsabilizado criminalmente pela hemorragia de lama e de descaso que matou 19 pessoas em 5 de novembro de 2015. Dos 22 denunciados, 15 já se livraram do processo.
Além disso, as vítimas têm que lidar com uma disparidade de forças descomunal no Judiciário para tentar obter justas reparações. É difícil entender que as duas maiores mineradoras do mundo, Vale e BHP (controladoras da Samarco, dona da barragem), não tenham sido capazes de realizar estudos sobre o impacto da lama de rejeitos de minério na saúde dos moradores da bacia do rio Doce.
Sem esses estudos, como estabelecer valores adequados para as compensações? É sobre esse pano de fundo que se desenrola a trama judicial. Um episódio recente é esclarecedor. O Ministério Público Federal entrou com mandado de segurança contra atos do juiz Mário de Paula Franco Júnior, encarregado dos processos cíveis.
Segundo o MPF, nos acordos de indenizações, homologados pelo juiz, as pessoas só recebem os pagamentos se assinarem a quitação definitiva e a desistência de qualquer ação no exterior. A cláusula chama atenção porque a Justiça britânica está para decidir se aceitará uma ação bilionária contra a BHP, que tem uma de suas sedes no Reino Unido. Um escritório de lá representa 200 mil atingidos, alegando a morosidade do Judiciário brasileiro.
As indenizações, segundo o MPF, foram fixadas em tempo recorde, sem prévia análise de danos e em valores irrisórios. O dano moral, por exemplo, foi calculado em R$ 10 mil. Os procuradores levantam suspeitas de “lide simulada” entre o escritório de advocacia que lidera os pedidos de indenização (formado em junho deste ano) e as mineradoras, que, de forma inusual, não contestaram as sentenças. O juiz Mário Franco Júnior disse que não se manifestará”.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: