Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:
A CPI da Pandemia retomou ontem (03) seus trabalhos após duas semanas de recesso parlamentar e o primeiro a ser ouvido em depoimento foi o reverendo Amilton Gomes, fundador da entidade privada chamada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah). Esse senhor é peça-chave para evidenciar como o governo Jair Bolsonaro negociou a aquisição de imunizantes por meio de intermediários, já que ele teria realizado tratativas para a compra de 400 milhões de doses da Astrazeneca com a empresa Davati Medical Suply.
No entanto, as suas declarações não trouxeram muitas informações relevantes à comissão do Senado, já que, claramente, o reverendo mentiu na tentativa de defender algum integrante da gestão federal. Mesmo tendo sido recebido de imediato por membros do Ministério da Saúde para falar a respeito da aquisição de vacinas, algo que dirigentes de grandes farmacêuticas como a Pfizer não conseguiram, Amilton afirmou que não tinha qualquer tipo de contato no governo e que também não estaria negociando imunizantes, mas apenas indicando quem os tinha. Uma história absolutamente sem pé, nem cabeça.
A denúncia que está sendo apurada pela CPI dá conta de que e-mails enviados pelo reverendo a integrantes do Ministério da Saúde propuseram a compra de vacinas por US$ 17,50, valor três vezes mais caro do que o negociado pela Pasta com a Índia. Amilton chegou a garantir que procurou o governo brasileiro para as negociações apenas com caráter humanitário.
Além disso, questionado pelo senador Humberto Costa (PT-PE), o reverendo garantiu, após orientação do seu advogado, ser bravata uma fala sua em conversa com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti sobre as negociações, onde teria afirmado “falei com quem manda”, em aparente referência à primeira-dama Michelle Bolsonaro. A interferência do defensor provocou revolta dos senadores, já que ele não pode orientar as respostas do depoente.
O que ficou claro é que esse tal de Amilton Gomes é um charlatão, pior, um estelionatário, com único interesse de obter vantagens na negociação de vacinas que nem existiam, de acordo com as investigações. Ele inventou essa história de reverendo, é membro da Igreja Assembleia de Deus Ministério de Madureira, da qual o Pastor Everaldo, um notório bolsonarista e trambiqueiro da política fluminense, faz parte, ele que chegou a ser preso no ano passado acusado de participar de esquema de corrupção na saúde do Rio de Janeiro. Ou seja, há um claro envolvimento de toda essa turma nesses escândalos de compra de vacinas.
Agora cabe à CPI aprofundar as investigações para chegar aos culpados por todo esse morticínio provocado pelo descaso do governo com a imunização. Os senadores, entretanto, acabaram recuando momentaneamente da convocação do general Braga Netto, atual ministro da Defesa, mas que ocupava a Casa Civil na época dessas tratativas de aquisição de vacinas, para saber que tipo de influência ele exercia nas negociações.
Seguiremos de olho em todos os passos da Comissão Parlamentar de Inquérito para que a Justiça seja feita minimamente neste país e esse governo genocida tenha um fim.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: