Infelizmente me sobrou muito pouco tempo para o editorial de hoje, mas diante de tantos temas importantes e graves que devemos tratar, eu não poderia deixar de falar a respeito desse que eu considero o símbolo máximo da atual submissão do alto comando das Forças Armadas ao bolsonarismo. Essa absolvição do general Eduardo Pazuello pelo comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira após a sua presença em um ato político ao lado do presidente Jair Bolsonaro recentemente aqui no Rio de Janeiro demonstra duas coisas:

Primeiro, como eu já citei, um sinal claro de servidão do alto oficialato a Jair Bolsonaro, mas principalmente o temor de que uma decisão contrária ao interesse do presidente fosse desautorizada por ele, visto que o cargo na República o coloca como comandante em chefe das Forças Armadas, o que custaria fatalmente o posto do general Paulo Sérgio no topo da hierarquia militar. Bolsonaro já mostrou que não está nem aí para o que pensam os militares, tanto que trocou recentemente os comandantes de Marinha, Exército e Aeronáutica.

O desgaste, que seria do ex-capitão caso ele novamente retirasse um general do comando da tropa, ficou todo para Paulo Sérgio, e deu a sinalização que Bolsonaro precisava: ele está com os militares sob controle para tudo aquilo que desejar.

A outra coisa que esse episódio mostra é que, mais do que nunca, as forças democráticas desse país precisam se insurgir contra esse processo, que se antes era gestado pelos discursos ameaçadores do chefe do Executivo, agora está a todo vapor no Brasil, com militares aparvalhados, apegados aos postos de comando e submissos ao autoritarismo de Bolsonaro, que já ensaia a descredibilização das eleições do ano que vem para atentar contra a nossa parca democracia. O momento é gravíssimo e precisamos agir, antes que não haja mais nada a ser feito.

Ouça o comentário de Anderson Gomes: