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Ao contrário das imagens com as quais temos nos deparado nos últimos dias, com boa parte da população de volta às ruas em algumas cidades do país, a pandemia do novo coronavírus segue no auge das infecções, provocando mais de mil mortes no Brasil todos os dias. No entanto, os gestores públicos, de maneira irresponsável, vão flexibilizando as regras de isolamento social e reduzindo as medidas de segurança para evitar a proliferação da doença.
Um deles, talvez o pior de todos, o presidente Jair Bolsonaro amplia sua postura negacionista ao vetar mais trechos da lei aprovada no Congresso sobre o uso de máscaras como forma de proteção ao vírus. Depois de desobrigar a utilização da mesma em locais como igrejas, comércio e escolas, agora o ex-capitão do Exército dispensa a exigência nos presídios e unidades de cumprimento de medidas socioeducativas
Colocado pela Organização Mundial da Saúde como uma das maneiras mais eficazes de se reduzir as infecções pela Covid-19 para quem precisa circular em ambientes públicos, o uso da máscara virou piada no picadeiro que é o Palácio do Planalto, com todo o respeito aos valorosos profissionais do circo. Não por acaso o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves, aquela que viu Jesus na goiabeira, promoveu um concurso para escolher a máscara mais original. Como vencedor, ironicamente ou não, foi escolhido um modelo que tem a aparência do focinho de um bovino, o tal gado que segue o Bolsonaro.
O Rio de Janeiro tem se colocado, nos últimos dias, como um dos exemplos de irresponsabilidade com o cenário excepcional da pandemia. Com o prefeito Marcelo Crivella alinhadíssimo ao chefe do Executivo e mirando sua reeleição em novembro, a autorização para reabertura dos bares na última semana provocou cenas de enormes aglomerações na Zona Sul, região nobre da cidade.
Ainda que tenha havido uma leve queda no número de casos da doença no município, as autoridades de saúde alertam que esse ainda não é o momento de reabertura. Pior é que os jovens que vão se divertir à noite infectam seus familiares idosos, seus empregados domésticos, porteiros e todas aquelas pessoas que dão suporte aos seus privilégios e não contam com um sistema de saúde adequado para dar conta de uma possível internação.
Falta responsabilidade, mas, acima de tudo, falta empatia. De gestores públicos, de parte da população que se aglomera não por necessidade de sobrevivência, como faz boa parte das pessoas que moram nas periferias, mas pelo simples prazer pessoal. Enquanto alguns não se colocarem no lugar do outro, nossa tragédia social apenas se ampliará.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: