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A CPI da Pandemia no Senado retoma hoje (08) os depoimentos para ouvir novamente o atual ministro da Saúde Marcelo Queiroga, e dessa vez com muito mais questões a explicar, após as declarações da médica infectologista Luana Carvalho na última semana, que foi escolhida por ele para o cargo de secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19, atuou por 10 dias, mas não teve sua nomeação efetivada por pressões da ala negacionista do Palácio do Planalto.
Além disso, ele terá de comentar também a existência já confirmada do tal gabinete paralelo no enfrentamento à Covid-19, liderado pelo deputado Osmar Terra, com a participação da médica Nise Yamaguchi, que também já depôs à comissão. Será mais um dia de fortes emoções no Senado. Vamos ver se, dessa vez, Queiroga deixa as mentiras de lado e expõe as entranhas da condução da pandemia no Governo Federal.
Eu também gostaria de aproveitar para ler aqui mais um belo artigo escrito pela jornalista Cristina Serra e publicado no último sábado (05) pelo jornal Folha de S. Paulo, onde ela trata dessa absolvição do ex-ministro general Eduardo Pazuello pela cúpula das Forças Armadas. O título do texto é “Bolsonaro e a anarquia militar”:
“A indulgência do comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, ao ato de flagrante indisciplina do general Eduardo Pazuello, terá consequências de alto risco para a conjuntura política brasileira. Mas não se pode dar a essa decisão a responsabilidade pela instalação da anarquia entre os fardados. Ela fomenta a anarquia, é certo. Mas o caldo da insubordinação começou a ferver faz tempo.
O marco mais explícito da permissividade nos quartéis deve-se a outro comandante da força, o general Villas Bôas, e seu post ameaçando o STF na véspera da votação do habeas corpus de Lula, em 2018. Na campanha daquele ano, militares da ativa engajaram-se com desenvoltura em exércitos digitais, públicos ou não, a favor de Bolsonaro. Como se sabe, em instituição hierarquizada o exemplo vem de cima.
Também deu mau exemplo o então ministro da Defesa, Fernando Azevedo, quando acompanhou Bolsonaro em sobrevoo de apoio à manifestação contra o Congresso e o STF, que pedia “intervenção militar”. Ao ser defenestrado, em março, afirmou ter preservado as Forças Armadas como “instituições de Estado”. Cinismo ou ingenuidade?
É claro que há nuances e divergências de pensamento entre os militares. Mas essas diferenças não abalam, por ora, o projeto que os trouxe de volta ao poder. Este é um governo colonizado por e para militares, com seus salários, cargos, mordomias, privilégios e outras benesses.
As Forças Armadas carregam a mancha de 21 anos de ditadura, tortura e morte de opositores. Com Bolsonaro, reforçam sua tradição golpista, associam-se ao morticínio de brasileiros na pandemia, afundam-se no pântano da história. Mas não estão sozinhas. Bolsonaro fermenta o caos com a complacência de parcelas da sociedade civil, como o capital financeiro, oligarcas do agronegócio, setores do Legislativo e do Judiciário, mídia, igrejas. A desgraça deste país é uma obra coletiva”.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: