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Como todos vocês já sabem, o presidente Jair Bolsonaro foi confirmado com a infecção pela Covid-19 ontem, conforme o próprio anunciou em entrevista a alguns veículos de imprensa escolhidos por ele na porta do Palácio da Alvorada. O chefe do Executivo apresentou alguns sintomas da doença na última segunda-feira, como febre e cansaço muscular, segundo ele, realizou um exame de imagem do pulmão, no qual não ficou constatado comprometimento do órgão e fez um novo teste para detectar a doença. Vale lembrar que ele já havia feito duas testagens em ocasiões anteriores, ambas com resultado negativo.
Essa notícia do teste positivo para o novo coronavírus tem de ser analisada por alguns prismas, considerações precisam ser feitas a respeito e eu gostaria de colocar essas questões à mesa para vocês, ouvintes. Primeiro é necessário que façamos uma série de ressalvas em relação à veracidade deste resultado positivo para o exame realizado lá em Brasília
O histórico que Bolsonaro carrega não é o de atleta, mas sim o de mentiroso, bravateiro, criador de factoides para desviar a atenção da opinião pública daqueles temas realmente relevantes, a famosa cortina de fumaça. Tudo que este governo fala e faz tem de ser posto em dúvida. Este é o primeiro ponto.
Considerando que o ex-capitão do Exército tenha sido, de fato, acometido pela doença, é preciso lembrar de toda sua retórica em defesa do uso da hidroxicloroquina para tratamento da Covid-19, algo que a Organização Mundial da Saúde repudia e pouquíssimos líderes mundiais defendem. Até mesmo seu guru Donald Trump abandonou esse discurso depois de ser alertado por seus assessores.
O Bolsonaro anunciou, antes mesmo de sair o resultado do exame de sangue realizado, que sua equipe médica passou a administrar doses desse tipo de medicamento combinado com azitromicina. O risco que se coloca é que, em caso de cura do novo coronavírus sem maiores complicações, o que, aliás, é o que nós torcemos que ocorra, o presidente da República se tornará o principal garoto-propaganda da hidroxicloroquina e defenderá ainda mais sua utilização indiscriminada pelo Sistema Único de Saúde.
Cientistas de todo o mundo já deixaram claro que esse medicamento pode provocar efeitos colaterais graves, como arritmia cardíaca, piorando ainda mais o quadro da Covid-19. O outro ponto que eu gostaria de abordar neste comentário versa sobre a já conhecida irresponsabilidade de Jair Bolsonaro. O presidente não usa a máscara de proteção para reduzir a possibilidade de infecção pela doença. Não por acaso ele liberou que pessoas não utilizem o equipamento de proteção individual em uma série de locais que constavam de uma lei aprovada pelo Congresso, como igrejas, presídios e estabelecimentos comerciais.
Ele esteve presente em vários encontros nos últimos dias, reuniões ministeriais, viajou pelo país, participou de um almoço no último sábado em comemoração à Independência dos Estados Unidos promovido pelo Embaixador do país no Brasil, Todd Chapmann, que contou também com a presença de seu filho Eduardo e de alguns ministros do governo, tudo isso sem utilizar a máscara.
Pior. Já sabendo que estava infectado, ao invés de fazer o anúncio através de uma transmissão pela internet, algo que o Bolsonaro tanto gosta e faz com frequência, ele convocou alguns jornalistas e veículos com os quais têm maior intimidade para falar sobre o resultado dos exames, colocando os profissionais da imprensa sob o risco de serem acometidos pela doença. Quem está diagnosticado com a Covid-19 deve ficar em quarentena, absolutamente isolado das outras pessoas, conforme recomendações de todas as autoridades de saúde.
O presidente precisa ser responsabilizado por essas suas atitudes verdadeiramente criminosas. A tal da gripezinha, forma pela qual ele costuma classificar a Covid-19, já matou mais de 66 mil brasileiros. É necessário que as autoridades tomem as devidas providências para conter o ex-capitão do Exército. Jair Bolsonaro é uma ameaça à saúde pública.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: