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Ontem, no nosso editorial, chamamos atenção para o quadro geral que levou a essa verdadeira tragédia do governo Bolsonaro e chamamos atenção, inclusive, das responsabilidades da cúpula do Poder Judiciário do país e do próprio Alto Comando do Exército, Alto Comando este que através do General Villas Bôas acabou por viabilizar de maneira muito espetacular uma eleição completamente irregular, a eleição de Bolsonaro, com base em fake news, em ações absolutamente polêmicas do Poder Judiciário e, principalmente, com esse envolvimento das milícias que precisa ser investigado.
Agora, até o momento, não temos nenhum tipo de informação sobre as ações da polícia para capturar, por exemplo, o capitão Adriano, o tal chefe do ‘Escritório do crime’ acusado inclusive de ser o assassino de Marielle Franco, nem tampouco do chamado Queiroz, um ex-PM que parece ser o gerente poderoso de uma milícia em Rio das Pedras e trabalhava diretamente com a família Bolsonaro.
Pois bem, tudo isso classificamos como um processo de excepcionalidade institucional, afinal de contas ninguém é obrigado a conviver com uma situação como essa, gravíssima para o próprio destino do país, sem o concurso decisivo dessas instituições importantíssimas. É frente a esse quadro absolutamente assustador que questionamos todas as forças democráticas e nacionalistas sobre como agir, mas essa peculiaridade da excepcionalidade institucional se desdobra, na verdade, em questões muito objetivas como a participação do Exército na tarefa da segurança pública.
Neste final de semana, tivemos essa tragédia, a tragédia de um veículo de uma família que ia para um chá de bebê e simplesmente foram atingidos esses integrantes dentro de um automóvel por mais de 80 tiros de uma tropa do Exército e, em um primeiro momento, o Comando Militar do Leste soltou uma nota injustificável a respeito do que teria acontecido naquela região do Rio de Janeiro que foi o palco dessa verdadeira tragédia.
Ontem, frente inclusive às evidências da ação irresponsável da tropa do Exército, o mesmo Comando Militar do Leste anunciou a prisão de 10 dos 12 militares envolvidos no assassinato do músico Evaldo Rosa dos Santos. Bem, esperamos que haja justiça, mas o que vamos observar agora? Os militares envolvidos nisso serão investigados pela Procuradoria do Exército e, mais do que isso, serão julgados pela Justiça Militar, ou seja, mais uma vez os próprios militares se encarregarão de procurar fazer justiça. Seria esse o papel justamente do Exército?
Seria esse o papel das Forças Armadas e, nesse sentido, muito além da responsabilidade dos militares diretamente envolvidos nessa operação, o que temos de chamar a atenção é que os nossos comandantes militares já há muitos anos vêm admitindo de forma tranquila e resoluta o emprego das tropas do Exército, das Forças Armadas, em trabalho de segurança pública, na tarefa de se combater a criminalidade, conforme inclusive é uma determinação do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Ontem, aliás, chamávamos atenção aqui no programa sobre todos os riscos que significa uma cúpula militar inteiramente alinhada às diretrizes de uma potência militar estrangeira de alta periculosidade como é o caso dos Estados Unidos. Por isso, nossas preocupações são imensas nesse momento. Estamos aprofundando esse processo de excepcionalidade institucional e esperamos que haja, de fato, uma mudança na postura de partidos políticos, de movimentos sociais, de instituições efetivamente democrática no sentido simplesmente do seguinte: precisamos defender a nossa nação, defender a independência e, principalmente, a perspectiva de construção no Brasil de um país que seja nosso, e não somente uma colônia moderninha dos Estados Unidos.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: