Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

Editorial – 09.12.2020

Compartilhe:
editorial_1170x530

Um dos crimes políticos mais cruéis e perversos do nosso país completou ontem mil dias. Mil dias de indignação, mil dias sem respostas, mil dias de saudades de amigos, familiares e de um país que anseia por democracia e justiça. As execuções de Marielle Franco e de Anderson Gomes evidenciam as mazelas de um Estado incapaz de dar segurança à sua população, que elimina uma mulher negra pelo simples fato de ela lutar por quem não tem voz.

 

A última vez que eu conversei com a Marielle foi cerca de um mês e meio antes do assassinato naquele 14 de março de 2018, que tem como acusados da autoria o ex-PM Ronnie Lessa e o policial reformado Élcio Queiroz, ainda sem julgamento. No fim de janeiro daquele ano eu estava produzindo aqui o Faixa Livre e pedi uma entrevista à vereadora. Ela gentilmente recusou pois estava na Bahia passando merecidas férias e o horário do programa inviabilizava sua participação.

 

Marielle virou sinônimo de luta e perseverança. Eu quero aproveitar esse espaço editorial para fazer a leitura de um belo texto escrito pelo vereador eleito Chico Alencar, que foi correligionário de Marielle no PSOL, por ocasião desta data simbólica. O título do texto é “Mil dias, mil dores, mil lutas”:

 

Hoje completam-se 1000 dias da brutal execução de Marielle e Anderson.

 

Os bárbaros que planejaram esse crime (quem são?) e os que o executaram queriam também matar nossa vontade de viver, nossa esperança em uma sociedade menos violenta e mais solidária, a nossa almejada possibilidade da alegria.

 

Conseguiram, por alguns dias. Mas toda morte de gente digna, por mais que nos abale, vira sementinha dentro de nós e de tod@s as pessoas de boa vontade.

 

Mil dias! Quatro dias da morte estúpida de Rebecca e Emilly. Cinco da do PM Derivaldo, por cumprir sua missão. Um, dois, dez, cem dias do extermínio de líderes indígenas, de lutadoras de suas comunidades, de mulheres vítimas do feminicído, de LGBTS + eliminados pelo preconceito insano, de negr@s pelo ódio racial, de gente inocente por todo lado.

 

O clamor pelos #1000DiasSemRespostas de Marielle/Anderson é também por tod@s os que, ao longo dos séculos da história brasileira, foram violentamente exterminados pelos podres poderes, que continuam tentando nos (des)governar. Necroestado!

 

“E no andor dos nossos novos santos/ o sinal dos velhos tempos:/ morte, morte, morte ao amor!” (Fernando Brant e M. Nascimento, “Milagre dos Peixes”).

 

Seguiremos, ainda que o “espírito tenebroso das milícias” ocupe palácios, corações e mentes de “autoridades” medíocres e toscas. Continuaremos cobrando “quem e por quê?”, ainda que nesse país a estupidez criminosa se avizinhe e a Justiça tarde e falhe.

 

Eles não matarão nossa esperança e vontade de, coletivamente, lutar!

 

Há saudade, há lágrimas. Há braços! Abraços solidários e fraternos, para sempre!”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

Deixe seu comentário:

Apoie o Faixa Livre:

Apoie o Faixa Livre:

Baixe nosso App

Baixe nosso App

Programas anteriores