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Editorial – 10.02.2020

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A polícia da Bahia matou ontem o capitão Adriano. Capitão Adriano é acusado pela polícia do Rio de Janeiro de comandar o chamado ‘escritório do crime’, e Ronnie Lessa e o motorista que dirigia o carro que levou ao assassinato de Marielle, esses dois suspeitos de serem os assassinos de Marielle faziam parte do ‘Escritório do crime’ e isso não necessariamente relaciona o capitão Adriano com esse terrível assassinato, mas evidentemente o coloca em uma situação, no mínimo, importante de ser esclarecida pela polícia, afinal de contas ele é o chefe do tal ‘Escritório do crime’.

 

O capitão Adriano também era intimo da família Bolsonaro. Sua ex-mulher e sua mãe durante muitos anos foram empregadas do gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro, hoje senador da República e, mais do que isso, de acordo com o advogado do capitão Adriano, na última terça-feira esse ex-integrante do Bope do Rio de Janeiro alertou que a polícia que estava na Bahia, em seu encalço, não iria prendê-lo, o objetivo da polícia seria matá-lo e, mesmo que viesse a ser preso, o capitão Adriano, de acordo com o seu advogado, não tinha dúvidas, ele seria morto na prisão porque interessaria o seu desaparecimento como queima de arquivo.

 

O fato é que tudo isso precisa ser muito bem investigado porque o que ocorreu na Bahia precisa ser esclarecido, afinal de contas esse capitão Adriano teria sido encontrado dentro de uma casa em um condomínio praticamente vazio. Por que essa casa não foi simplesmente cercada aguardando a rendição do senhor Adriano? Essa é uma pergunta elementar, até porque o capitão Adriano era procurado inclusive pela Interpol, apesar de o senhor Sérgio Moro, na semana passada, ao divulgar de forma espetaculosa uma lista dos mais procurados pela polícia do Brasil, não ter incluído o seu nome.

 

Dizem para não desagradar a família Bolsonaro, afinal a família Bolsonaro, através do presidente da República e do próprio Flávio Bolsonaro, já fez rasgados elogios ao capitão Adriano e à sua folha de serviços junto à polícia. A ação na Bahia partiu de iniciativa do setor de inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro, mas a ação foi da PM da Bahia. Tudo isso precisa ser esclarecido, afinal de contas são acusações muito graves e que poderiam, caso o senhor Adriano viesse a ser preso, ajudar a esclarecer esse escabroso assassinato da Marielle e de seu motorista.

 

Muita coisa precisa ser explicada, e agora com a morte de Adriano evidentemente muitas coisas serão também sepultadas, essa é a grande questão. Enquanto isso, nós continuamos a viver uma crise de segurança onde as milícias que, entre outros, beneficia eleitoralmente a família Bolsonaro, basta olhar os resultados de Rio das Pedras, onde Flávio e Jair Bolsonaro foram muito bem votados e onde esse ‘Escritório do crime’ possui uma de suas principais bases porque essa turma não atua apenas aceitando encomendas de assassinatos, ela também se dedica às atividades econômicas que caracterizam muito bem a ação das milícias aqui no Rio de Janeiro.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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