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O Brasil se deparou na última terça-feira (10) com uma das maiores ameaças, se não a maior, à nossa democracia desde o fim da ditadura civil-militar, um espetáculo dantesco. O desfile de tanques de guerra e carros blindados pela Esplanada dos Ministérios no dia da votação, na Câmara, de um tema de fundamental importância que é a possibilidade de termos a impressão do voto nas próximas eleições, pauta prioritária para o presidente Jair Bolsonaro, unicamente para que se levasse um convite para o ex-capitão no sentido de que ele compareça a um exercício militar configurou uma flagrante tentativa de intimidação aos parlamentares e de demonstração de poder, que o chefe do Executivo não tem.
Bolsonaro se fragiliza a cada dia politicamente e moralmente. Ele é incapaz de fazer valer a autoridade de um presidente da República por atitudes nobres, firmes, de respeito à Constituição e ao povo brasileiro. Até mesmo sua masculinidade é frágil, a todo momento ele faz uso de símbolos bélicos para tentar evidenciar uma suposta dominação, provar à sociedade que é capaz de comandar o país com mão de ferro, que é invulnerável.
Esse senhor precisa, urgentemente, de ajuda profissional para lidar com seus fantasmas, com seus medos, e parar de querer se reafirmar diariamente como algo que não é e nunca foi, um líder. Um verdadeiro líder não ameaça, não constrange, não trai a confiança daqueles que depositaram nele sua esperança de mudança. Um verdadeiro líder entrega aos seus aquilo que eles precisam, que é paz, trégua, equilíbrio, amenidade. Jair Bolsonaro se alimenta do caos, da desordem, da anarquia, da tensão. É aí que está a sua zona de conforto.
Por esse motivo que essa figura protagoniza cenas que merecem o repúdio de toda a sociedade. Até aliados do ex-capitão se colocaram contra esse espetáculo atentatório à nossa democracia. O presidente da Câmara Arthur Lira, um dos principais artífices desse governo genocida, chamou essa provocação pavorosa de “trágica coincidência”.
Trágica coincidência, senhor Arthur Lira, é o Brasil ter cidadãos como o senhor, como Bolsonaro, comandando o país em meio à maior crise humanitária e de saúde da história. Se o senhor tivesse o mínimo de decência e de respeito à Carta Magna, aceitaria imediatamente a abertura de uma dessas mais de uma centena de processos de impeachment conta o chefe do Executivo que se acumulam nas suas gavetas. Bolsonaro é provocador da pior espécie e conta com a anuência do Congresso.
Pior que isso é ver as Forças Armadas participando desse show de horrores promovido pelo presidente da República. Os militares precisam respeitar a Constituição brasileira e não se colocarem como um joguete, um brinquedinho nas mãos de um tresloucado como é Jair Bolsonaro, que trata as instituições como se fossem sua propriedade, que trata o Brasil como a casa da mãe Joana.
Os democratas desse país precisam se insurgir contra esse tipo de atitude e exigir o afastamento imediato do mandato desse agitador chamado Jair Bolsonaro. Pelo menos os parlamentares não se intimidaram e enterraram esse projeto do voto impresso. Em um momento de total excepcionalidade, a aprovação dessa medida seria apenas mais um elemento de instabilidade para o processo eleitoral do próximo ano, que se avizinha como o mais importante da história. O bolsonarismo quer criar o ambiente para descredibilizar o pleito na intenção de se perpetuar no poder através de um golpe.
Só que nós seguiremos firmes na defesa dessa parca democracia que ainda temos, na defesa de um país mais igualitário, que abomina tiranos de plantão como Jair Bolsonaro. Esperamos que esse senhor volte o mais rápido possível para onde ele nunca deveria ter saído, que é o lixo da nossa história.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: