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Editorial – 12.08.2019

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O senhor Antônio Dias Toffoli, atual presidente do Supremo, concedeu uma entrevista à revista Veja que evidentemente mereceria todo destaque, entretanto, de forma curiosa, os jornais e telejornais que representam a grande mídia parecem ter conferido um silêncio sepulcral às gravíssimas informações do atual presidente do Supremo.

 

Segundo ele, às vésperas do julgamento que previa a possibilidade de não temos prisões após decisões de segunda instância, uma decisão que estava prevista de ser tomada pelo Supremo em julgamento marcado para o último dia 10 de abril, o Supremo Tribunal Federal teria sofrido pressões muito fortes de setores militares. O Toffoli afirma que, naquele momento, havia uma grande insatisfação inclusive de setores empresariais, além de segmentos dos políticos, como o próprio governo Bolsonaro. Segundo Toffoli, havia pressões inclusive para se adotar o parlamentarismo no país ou mesmo uma brecha legal para se encontrar formas de convocação de uma nova eleição.

 

Foi nesse momento que setores militares, segundo ele localizados em oficiais de baixa patente, agiram e claramente pressionaram o Supremo. De acordo com Toffoli, foi ele mesmo que agiu para, de alguma maneira, se comportando como um poder moderador, estancar essa crise. De acordo com a revista, e essas são palavras escritas pela reportagem da revista Veja, “quando o caldo ameaçou transbordar, o presidente Bolsonaro, o ministro dias Toffoli, o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e o senador David Alcolumbre, presidente do Senado, além de autoridades militares, se reuniram separadamente mais de três dezenas de vezes para resolver o problema.

 

Convencido de que a situação caminhava em uma direção muito perigosa, costuraram um pacto, que foi negociado em vários encontros. Resultado disso: no Congresso, o projeto de parlamentarismo voltou à gaveta, a CPI da Lava Toga foi arquivada e a reforma da Previdência se destravou. No Planalto, o vice-presidente Hamilton Mourão reduziu suas barulhentas aparições públicas, o General Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro chefe da assessoria de governo, um dos alvos das suspeitas de Carlos Bolsonaro, filho de Bolsonaro, foi demitido.

 

No Supremo, Dias Toffoli pôs a polícia nos calcanhares de grupos que pregavam ações violentas contra os ministros, adiou o julgamento que poderia soltar Lula e concedeu uma liminar que paralisava as investigações sobre o Senador Flávio Bolsonaro”. Bem, frente a essas revelações, a grande questão que se coloca é a seguinte: o que as tais instituições, que dizem estar em pleno funcionamento no país, irão fazer?

 

Agora é o próprio presidente do Supremo que admite essa intervenção militar, vamos assim dizer, que vem pontificando a política brasileira, convenhamos, há muito tempo. Temos chamado atenção aqui no programa Faixa Livre do processo eleitoral irregular do ano passado, que, entre outras barbaridades, teve o comandante do Exército como uma peça-chave da campanha eleitoral de Bolsonaro e isto já admitido pelo próprio atual presidente da República.

 

Agora, quando sabemos que o Supremo não só teve, como continuar a ter assessor militar diretamente ligado a Toffoli, a grande questão é até quando iremos assistir de braços cruzados essas verdadeiras barbaridades que acontecem em nosso país, e pior, tudo em nome do tal projeto de banqueiros e multinacionais, que representa a volta das privatizações selvagens, o ataque sem piedade aos direitos sociais constantes da Constituição de 1988, como estamos inclusive assistindo em torno dessa propalada discussão sobre a contrarreforma da Previdência.

 

Francamente, estamos de fato vivendo um ambiente de excepcionalidade institucional, onde o poder militar volta com toda força, e onde o Supremo, o próprio Poder Legislativo, se submetem de maneira vergonhosa.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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