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A CPI da Pandemia tem se afundado na confusão, proposital ou não, dos depoentes bolsonaristas. Ontem (12) pudemos constatar isso durante a oitiva do ex-secretário de Comunicação do governo Fábio Wajngarten. Assim como fez o ministro da Saúde Marcelo Queiroga, Wajngarten se esquivou das perguntas, em uma evidente defesa do presidente Jair Bolsonaro, mas mais do que isso, ele irritava os parlamentares e quem acompanhava o depoimento, como eu fiz até determinado momento, com suas declarações pouco claras.
Ele mergulhou no limbo retórico muito comum àqueles que apoiam o ex-capitão, isso sem falar nas inúmeras vezes em que o ex-secretário desmentiu o que ele próprio disse em entrevista recente à revista Veja, que foi o que motivou sua convocação à comissão do Senado. Em determinado momento, o relator da CPI Renan Calheiros chegou a ameaçá-lo de prisão caso continuasse dizendo inverdades. O presidente Omar Aziz interrompeu a sessão para que o advogado de Wajngarten pudesse orientá-lo a respeito das consequências de suas declarações mentirosas.
O ex-secretário confirmou a reunião que teve com representantes da farmacêutica Pfizer no Palácio do Planalto, mas negou que estivesse negociando a compra de doses das vacinas contra a Covid-19. Ele relatou que uma carta da empresa oferecendo o imunizante ao governo ficou por dois meses sem resposta, foi neste momento em que ele interveio e entrou em contato com a Pfizer para, nas palavras dele, abrir ‘as portas do Planalto’ para as tratativas.
Ainda que este depoimento tenha sido o mais tenso de todos os que foram realizados até aqui, a CPI parece que não vai chegar a trazer maiores problemas para Jair Bolsonaro. Os acordos políticos estão acima de qualquer tipo de prova que venha a ser produzida. A blindagem do presidente se dá tanto no Congresso, como na Procuradoria-Geral da República. As únicas possibilidades de o ex-capitão ter dificulddes são se houver mobilização popular nas ruas pelo impeachment, algo fora do radar por conta da pandemia, ou se o Tribunal Superior Eleitoral resolver julgar aqueles pedidos de cassação da chapa Bolsonaro-Mourão que estão há mais de ano parados na Corte.
De resto, dificilmente haverá uma mudança radical no cenário que venha provocar a queda do ex-capitão. Nós continuaremos aqui cobrando as instituições para que esse pesadelo que nós vivemos atualmente tenha um fim.
Só para finalizar, essa pesquisa Datafolha divulgada ontem sobre a disputa pela Presidência da República no ano que vem, ainda que muito prematura, visto que estamos há pouco menos de um ano e meio do pleito, mostra que o bolsonarismo terá de mudar radicalmente seu discurso caso queira seguir comandando o país. Lula segue no imaginário do povo brasileiro de maneira muito forte e tem boas chances de voltar ao Palácio do Planalto.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: