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Editorial – 13.08.2021

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O deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, concedeu ontem (12) um dos depoimentos mais esperados da CPI da Pandemia até agora. O parlamentar é apontado como um dos principais articuladores do esquema de corrupção na compra de vacinas contra a Covid-19 do laboratório indiano Covaxin, tendo sido citado na oitiva dos irmãos Miranda, e as suas declarações à comissão do Senado não fugiram daquele script que nós já imaginávamos.

 

O parlamentar negou qualquer tipo de envolvimento nos crimes citados pela CPI, bateu boca com os senadores, tentando negar o que afirmou o deputado Luís Miranda, quando este prestou depoimento na comissão, de que o presidente Jair Bolsonaro teria o “acusado” de participar do esquema de corrupção, e chegou a dizer que estava sendo “injustiçado”, de que haveria uma narrativa construída contra ele a partir de declarações falsas dadas por testemunhas ouvidas até aqui durante os trabalhos.

 

Além disso, Barros fez questão de ressaltar inúmeras vezes que as investigações no âmbito da CPI causariam a ele um dano de imagem muito forte. Ele também atacou a Anvisa e acusou a Comissão Parlamentar de Inquérito, veja só, de atrasar a aquisição de vacinas contra a Covid-19. Sobre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o líder do governo se referiu a um episódio ocorrido em 2017, quando ainda era Ministro da Saúde na gestão de Michel Temer.

 

Ele destacou que a Anvisa teria se recusado a conceder uma licença de importação à empresa Global, sócia da Precisa Medicamentos, envolvida no escândalo da Covaxin. A Global teria ganhado uma consulta pública para compra de medicamentos para doenças raras, mas eles não foram entregues, o que acabou, segundo parlamentares da CPI, provocando até a morte de alguns pacientes. Além disso, a empresa teria se negado a devolver a verba paga pelo Ministério da Saúde, sendo alvo, por esse motivo, de uma ação no Ministério Público Federal, ao lado do próprio Barros, por improbidade.

 

Outra acusação que o deputado fez à Anvisa é de que a agência teria dificultado a compra dos imunizantes contra o coronavírus, na tentativa de justificar o Projeto de Lei de sua autoria que facilitaria a compra das vacinas do laboratório indiano.

 

O que ficou muito claro nesse depoimento do Ricardo Barros é que o líder do governo, acuado pelas denúncias graves, compareceu à CPI na tentativa de tumultuar os trabalhos, postura que se repetiu entre os senadores governistas que participam da comissão. A sessão teve de ser paralisada pelo menos em duas ocasiões por conta de tumultos provocados por ataques do deputado.

 

Só que parece que o jogo virou para o deputado. O presidente da CPI Omar Aziz se irritou com as falas desrespeitosas do líder do governo, interrompeu o depoimento e decidiu que Barros terá de comparecer à comissão em uma próxima oportunidade, mas dessa vez como convocado, e não como convidado, sendo obrigado a dizer a verdade.

 

Fato é que o envolvimento dessa turma do Bolsonaro fica cada dia mais claro nos escândalos de corrupção. Ainda há a expectativa que os irmãos Miranda tenham gravado o diálogo que tiveram como o presidente da República à época em que denunciaram a existência do episódio. Vamos esperar os próximos passos dessa investigação, mas já dá para perceber que o Jair Bolsonaro está em maus lençóis.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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