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Para resolver questões que incomodam o Governo Federal, o presidente Jair Bolsonaro usou mais uma vez a caneta. Após o anúncio pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) do número recorde de alertas de desmatamento na Amazônia para o mês de junho em toda a série histórica, o chefe do Executivo exonerou a coordenadora-geral de Observação da Terra do órgão Lubia Vinhas.
A Observação da Terra é a área do Inpe responsável pelo monitoramento da devastação da Amazônia, por meio do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), entre outras atribuições. Lubia é servidora concursada do instituto há 23 anos e deve permanecer por lá, ainda que sem cargo de gestão.
Os alertas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais no semestre anterior indicam devastação em 3.069 km² da Amazônia, um aumento de 25% em comparação ao primeiro semestre do ano passado. Só em junho, a área de alerta foi de 1.034 km²
Esses dados servem de indicação para que as equipes de fiscalização possam investigar potenciais crimes ambientais. Os números, no entanto, não servem para representar a taxa oficial de desmatamento, que é aferida por outro sistema e divulgada uma vez por ano.
Várias entidades de defesa do meio ambiente se posicionaram a respeito da exoneração de Lubia. O Greenpeace, por exemplo, afirmou que a demissão da servidora não surpreende em razão de decisões anteriores da gestão Bolsonaro e ressaltou que a decisão “dá novamente a entender que o governo é inimigo da verdade”.
Curioso é que o afastamento de Lubia da coordenação-geral de Observação da Terra do Inpe se dá justamente no momento em que o governo tenta minimizar os efeitos do desmatamento com empresas estrangeiras, que deixaram de fazer investimentos no país por conta da destruição da nossa biodiversidade.
Para uma gestão que diz que 87% da Mata Atlântica do país está localizada na Amazônia, não dá para esperar o mínimo de coerência quando o assunto é meio ambiente.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: