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Editorial – 15.03.2022

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Como nós conversamos aqui no programa de ontem (14), tivemos a posse de Gabriel Boric na Presidência do Chile, naquela que pode ser considerada uma centelha de esperança nesse país que vem sendo assolado ao longo das últimas décadas por governos que golpeiam direitos dos trabalhadores sob a égide de uma Constituição elaborada durante a ditadura de Augusto Pinochet, que será substituída em breve.

 

Ainda que essa luz no fim do túnel seja esmaecida pelas críticas a essa nova esquerda que vai ganhando espaço na América Latina, que busca a conciliação com os interesses hegemônicos acima de qualquer coisa. Aliás, há um outro país no nosso continente que mostra bem a que tipo de resultados esses acordos com a turma do andar de cima levam.

 

Eu me refiro ao Peru, onde o presidente Pedro Castillo sofreu uma dura derrota ontem. Eu farei a leitura de um texto curto publicado pelo professor da Universidade Federal do ABC Gilberto Maringoni nas suas redes sociais onde ele explica com clareza o que se passa por lá. Ele diz o seguinte:

 

Cinco dias após o Congresso do Peru aprovar o quarto gabinete ministerial nomeado desde a posse presidencial, em 28 de julho de 2021, a Casa abre processo de impeachment contra Pedro Castillo, alegando “incapacidade moral”. O placar foi de 86 votos a favor, 21 contra e 10 abstenções. Para a decisão final falta apenas um voto.

 

Desde a primeira Constituição peruana, em 1828, as oligarquias regionais estabeleceram amarras sólidas para a divisão de poder entre elas. São verdadeiras cláusulas pétreas, mantidas pelas seis cartas posteriores, até a atual, promulgada em 1990.

 

Trata-se da possibilidade da destituição do presidente da República por motivos quase aleatórios para o exercício do cargo. Para a abertura de um processo de impeachment é preciso que apenas 20% dos 130 congressistas (26 parlamentares) realizem um pedido de vacância, que 40% (52) aceitem e que 66% (87) aprovem a destituição.

 

Vigora no país um parlamentarismo enviesado, que coloca o presidente da República permanentemente sob as balizas de ocasionais maiorias legislativas”.

 

Esse é o cenário no nosso vizinho Peru. Nós só esperamos que esse quadro de degradação da democracia a partir da estratégia de conciliação de classes adotada por políticos de centro-esquerda na América Latina sirva de exemplo para as lideranças políticas aqui do país. A turma do grande capital não brinca em serviço e está sempre preparando o próximo golpe.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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