Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:
A CPI da Pandemia no Senado, em mais um dia de depoimentos, ouviu ontem (15) uma figura que representa bem o golpe articulado pelos representantes do grande capital no nosso país e que segue em plena atividade. Eu me refiro ao senhor Marcony Albernaz, apontado como lobista da empresa Precisa Medicamentos na negociação com o Ministério da Saúde de vacinas Covaxin.
Esse rapaz, que é alvo de robustas acusações, com farto material probatório de que teria atuado exercendo tráfico de influência para favorecer a Precisa, com sua proximidade com a família Bolsonaro, esteve à frente de atos pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff já a partir do ano de 2015, no movimento ‘Vem pra Rua’, bradando, do alto de caminhões pedindo um basta na corrupção, dizendo que o gigante acordou, enfim.
Em boa parte das repostas, o “cidadão de bem” que berrava em cima de trios elétricos contra o governo do PT, exerceu o direito de permanecer calado diante dos parlamentares. Marcony tem relação muito próxima com o filho mais novo de Bolsonaro, Jair Renan. Ele comemorou seu aniversário de 39 anos no camarote do zero quatro no estádio Mané Garrincha, em Brasília, no ano passado.
Além disso, documentos obtidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito mostram que o suposto lobista da Precisa ajudou o filho do presidente da República a abrir uma empresa de eventos. O curioso é que esse rapaz, que diz não ser advogado, apesar de ter registro de estagiário na OAB, prestar serviços apenas para a iniciativa privada, não entender de contratos, demonstrando ter poucas habilidades, é dono de uma rede poderosa de contatos na República.
O depoimento seguiu em mais um daquele show de mentiras. Alguns senadores, como Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, chegaram a classificá-lo como o mais cínico até aqui. O tal do Marcony afirmava não lembrar de nada a respeito dos seus encontros e diálogos com personagens do governo Bolsonaro, especialmente no Ministério da Saúde.
É vergonhoso ver onde nós chegamos com essa turma que dizia defender um Brasil passado a limpo. Outro exemplo claro disso foi aquele jantar, que teve a participação de Michel Temer e de uma série de empresários, em São Paulo, na casa do empresário Naji Nahas, preso em 2008 pela Polícia Federal na operação Satiagraha, acusado de envolvimento no escândalo do mensalão.
Durante o rega bofe, chamou a atenção a presença do humorista André Marinho, que fez imitações do presidente Jair Bolsonaro, para gargalhada geral dos presentes ao encontro, inclusive de Temer, que dias antes havia sido chamado pelo ex-capitão para escrever aquela carta na tentativa de baixar a pressão diante de seus ataques à democracia nos atos do 7 de setembro.
Esse episódio deixou muito claro que o principal problema do Brasil não é Jair Bolsonaro. Talvez seja o mais urgente por conta de suas ameaças autoritárias, mas ele nada mais é do que uma criação dessa burguesia que estava em volta da mesa desse jantar que eu citei. Esse sujeito inepto está no comando do Executivo única e exclusivamente para fazer o jogo sujo dessa turma, entregar o país, precarizar ainda mais as relações de trabalho, concentrando renda, produzindo miséria. Esse é o verdadeiro drama que o Brasil enfrenta. Enquanto esses engravatados que arrotam caviar e riem de um presidente continuarem ditando os rumos da política no país, a nossa população seguirá sem esperança de dias melhores.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: