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A realidade brasileira se aproxima cada vez mais de um roteiro de filme de ficção tamanhas as ironias que se sucedem. E eu me refiro, desta vez, ao episódio em que o então vice-líder do governo no Senado Chico Rodrigues (DEM-RR) foi alvo de uma operação da Polícia Federal que encontrou dinheiro escondido em sua cueca.
Afora os detalhes sórdidos e que não cheiram nada bem em relação às condições em que as cédulas foram encontradas, a ironia se dá pelo fato de o caso ter ocorrido no dia em que o presidente Jair Bolsonaro afirmou que daria uma “voadora no pescoço” de quem cometesse corrupção na sua gestão. Algum tempo atrás, o ex-capitão do Exército chegou a dizer em um vídeo resgatado nas redes sociais que teria quase uma “união estável” com o parlamentar, por conta da trajetória de ambos na Câmara dos Deputados.
O senador pediu exoneração do cargo de vice-líder do governo na Casa Legislativa por conta da repercussão do episódio, onde ele é investigado por supostos desvios de recursos que seriam destinados ao combate do novo coronavírus em seu estado. Foi realizado um mandado de busca e apreensão na residência de Chico Rodrigues e encontrados cerca de R$ 30 mil. Em uma nota, ele chamou o presidente da República de “grande líder” e disse que estava deixando a função para “aclarar os fatos e trazer a verdade à tona”.
Ainda que muita gente esteja apenas ironizando este fato, ele deixa claro uma das muitas contradições da administração de Jair Bolsonaro, que é a afirmação do chefe do Executivo no sentido de que ele esvaziou a operação Lava Jato porque no seu governo não haveria mais episódios de corrupção. E aí não vai uma defesa a essa força-tarefa que teve como um de seus objetivos criminalizar a política e perseguir determinadas figuras.
Apenas a constatação de que a roubalheira do dinheiro público é algo que está entranhado no nosso país, inclusive entre os integrantes da família do presidente da República. É sempre bom lembrar as inúmeras e suspeitíssimas transações realizadas pelos filhos de Bolsonaro envolvendo quantias vultosas em dinheiro vivo, como a compra de imóveis e o financiamento de alguns negócios.
Os órgãos de controle e fiscalização das ações dos gestores nas três esferas são fundamentais, bem como a defesa da independência desses órgãos aos interesses político-partidários. Infelizmente o fantasma da corrupção segue e seguirá nos assombrando por muito tempo.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: