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A saída do general Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde, ainda que tardia, novamente evidencia algo que estava colocado desde a demissão de Luiz Henrique Mandetta do cargo, no ano passado. Quem comanda a saúde no Brasil é o bolsonarismo. Qualquer postulante que se apresente com o mínimo desejo de independência na adoção de políticas públicas de combate à pandemia é prontamente rechaçado. Foi o que aconteceu com a cardiologista Ludhmila Hajjar, que declinou do convite feito pelo presidente da República para que assumisse a Pasta, horas antes de Jair Bolsonaro anunciar a efetivação do também cardiologista Marcelo Queiroga.
O que chama a atenção é que, além de negacionista e irresponsável, o discurso bolsonarista flerta com o fascismo a todo momento. A médica disse em entrevistas logo após recusar o Ministério da Saúde que tem sido ameaçada de morte pelos admiradores do ex-capitão, com tentativa de invasão do hotel onde estava hospedada em Brasília e que teve de passar a se deslocar em carro blindado e cercada por seguranças, tamanho o ódio alimentado por esses criminosos travestidos de militantes, essa que é a verdade.
E esse constante ataque à democracia no Brasil não se resume só ao bolsonarismo presente na sociedade civil. Exemplo disso foi a intimação feita ao youtuber Felipe Neto na última segunda-feira por conta de um post que ele escreveu nas redes sociais chamando o chefe do Executivo de genocida. Uma viatura da Polícia Civil esteve em sua casa determinando que ele prestasse depoimento com base na Lei de Segurança Nacional, editada na época da ditadura, e após pedido do filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro.
Não é a primeira vez que essa excrescência produzida durante os anos de chumbo é utilizada para atentar contra a liberdade de expressão no nosso país. No início do mês, um jovem de 24 anos foi preso em flagrante em Uberlândia (MG) após escrever um tuíte onde fazia uma piada contra o presidente, que a Polícia Militar de Minas Gerais entendeu como incitação à prática de crime.
Outro caso semelhante a esse foi o de André Constantine, liderança do movimento de favelas do Rio de Janeiro, militante do Partido dos Trabalhadores e assessor do deputado estadual Waldeck Carneiro, que foi preso durante um ato contra o armamento da Guarda Municipal, no Centro da cidade, após criticar o ex-capitão e dizer que a polícia “mata preto e favelado todos os dias”. Um PM arrancou o microfone de sua mão e o levou para a 5ª DP.
A ditadura bolsonarista já está entre nós há muito tempo. Se as forças democráticas não se mobilizarem desde já contra esse tipo de arbitrariedade e postura autoritária, pode ser tarde demais.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: