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O presidente Jair Bolsonaro recebeu alta ontem do hospital Vila Nova Star, na zona Sul de São Paulo, onde estava internado após uma cirurgia de correção de uma hérnia surgida no local das intervenções anteriores por conta da suposta facada que recebeu durante a última campanha eleitoral, que foi decisiva para sua vitória nas urnas.
Digo suposta facada porque há muitas teorias a respeito de uma armação que viesse a facilitar o caminho do ex-capitão do Exército até a Presidência da República. Há aqueles que alegam que em momento algum foi visto sangue no local da facada, no abdômen, uma região altamente vascularizada do corpo. Outros ressaltam que um dos médicos que operaram o presidente, doutor Antônio Luiz de Vasconcellos Macedo, é presidente do Conselho de Oncologia do Hospital Albert Einstein, especialidade que trata de cânceres.
Teorias à parte, Bolsonaro volta à Brasília em um momento complicado do panorama político e econômico. O primeiro problema pode vir do Congresso, onde os senadores devem barrar nos próximos dias boa parte dos vetos que o político do PSL fez à lei de abuso de autoridade. A matéria, que tem forte apelo popular, é uma das armas que a turma de Brasília quer utilizar para se defender de operações do Ministério Público e da Justiça Federal que tenham viés político, como é o caso da Lava Jato.
Não por acaso a lei de abuso de autoridade, muito necessária em nossa opinião, voltou a tramitar na Câmara após dois anos na gaveta justamente depois que o site The Intercept Brasil divulgou as mensagens vazadas entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da força-tarefa anticorrupção, que indicam uma atuação parcial do agora Ministro da Justiça para condenar o ex-presidente Lula e retirá-lo da disputa eleitoral do ano passado.
Além da anunciada derrota no Parlamento, o presidente terá de lidar com a disparada nos preços do barril de petróleo após o bombardeio que afetou metade da produção do óleo na Arábia Saudita, o que corresponde a 5% das reservas mundiais. O preço dos combustíveis no Brasil está alinhado ao do mercado internacional e a Petrobras pode elevar os valores nos próximos dias, apesar de prometer que vai mantê-los até a estabilização do mercado internacional. Caso o governo ceda às pressões externas e não veja alternativa além do aumento do preço dos combustíveis, a medida tende a provocar revolta da população, especialmente nos setores de transportes de cargas. Os caminhoneiros já deram mostras de que são capazes de parar o país.
Há quem diga que as incertezas geopolíticas por conta do petróleo podem aumentar a arrecadação do governo federal e dos estados produtores com os royalties e participações especiais, além de elevar o interesse de grandes petroleiras internacionais nos próximos leilões das áreas de exploração de petróleo e gás no país, aquela verdadeira entrega das nossas riquezas que o Faixa Livre denuncia quase que diariamente. As ações da Petrobras tiveram boa valorização ontem na bolsa de valores – cerca de 4% – com a situação de caos na produção de petróleo na Arábia Saudita. A ver.
Fato é que Bolsonaro embarca para Nova York na próxima semana para participar da Assembleia Geral da ONU e teve sua permanência encurtada em dois dias nos Estados Unidos, além do cancelamento de todas as reuniões bilaterais no país. A explicação oficial é que o presidente tem de evitar desgastes por conta da cirurgia recente, mas parece que o desgaste do mandatário com os líderes mundiais, especialmente depois das ofensas à esposa do presidente francês Emmanuel Macron e à Michelle Bachelet, ex-presidente chilena, além da polêmica relacionada à Amazônia, é maior do que o Itamaraty pode contornar. O mais estranho é que Bolsonaro tem na sua agenda durante a passagem em terras estadunidenses uma reunião, no Texas, com generais do Exército do país.
É no mínimo estranho um chefe de Estado se reunir com militares de alta patente de um país estrangeiro. Se bem que, em tempos de Bolsonaro, estranho é ser normal.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: