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Ontem, no Recife, tivemos um evento batizado de Festival Lula Livre. Na verdade, tudo indica que a campanha de Lula Livre vai se encaminhando para uma campanha política, conforme, inclusive, Lula deixou claro naquele seu discurso em São Bernardo do Campo, quando prometeu claramente que a esquerda voltará ao governo em 2022. Para tanto, é necessário que as propostas sejam explicitadas. Ontem, lá no Recife, Lula preferiu bater duro na operação Lava Jato e novamente criticar muito a chamada ‘turma de Curitiba’.
Não que essa rapaziada não precise ser criticada e, principalmente, punida, mas o país precisa enfrentar seus graves problemas econômicos. Aliás, hoje vamos conversar aqui com o economista Paulo Nogueira Batista Jr. a respeito de uma situação que vai, para muitos, surpreendendo com esse privilégio de relações entre o governo brasileiro e o governo chinês, especialmente na área do comércio, em um momento onde o déficit comercial da indústria de transformação alcança mais de US$ 31 bilhões nos 12 meses encerrados em setembro.
Essa, inclusive, é a matéria principal do jornal Valor Econômico. Essa situação faz com que hoje existam muitas incertezas a respeito da nossa indústria, que vem já há 30 anos sofrendo todos os efeitos de uma abertura comercial iniciada nos anos 1990 e que tem impactos muito profundos hoje em um momento em que temos não somente a crise decorrente da chamada guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que faz com que haja impactos negativos no comércio internacional como um todo, como particularmente a crise Argentina e as posições do atual governo brasileiro frente ao Mercosul.
A Argentina é o principal mercado para onde exportamos nossos produtos industriais, e a Argentina nesse momento sofre efeitos da sua crise econômica e os efeitos dessa política que não é muito clara por parte do governo Bolsonaro, especialmente para a indústria. Eles, depois de acenarem um privilégio na relação com os Estados Unidos, cada vez mais parecem contar com os chineses, mas os chineses, que colocaram mais de US$ 100 bilhões à disposição do país nessa última semana, evidentemente querem incrementar suas exportações de produtos industriais para o Brasil, ao mesmo tempo em que quer aprofundar as relações comerciais em torno de commodities agrícolas e minerais.
Em contrapartida, a China se dispõe a investir no Brasil principalmente na área de infraestrutura. A grande questão que se coloca é como isso vai se refletir no Brasil desses próximos anos. O Brasil e a China pretendem, inclusive, desenvolver um amplo programa de trabalho para aumentar o comércio entre os países. As pastas da Economia dos dois países estabeleceram a criação de um grupo de trabalho na semana passada que será composto por funcionários da área de inteligência comercial para identificar problemas e barreiras não tarifárias que impedem o maior fluxo de mercadorias nas duas direções, mas isto certamente irá impactar ainda mais negativamente a nossa indústria.
Essa é uma questão central que queremos conversar daqui a pouco com o Paulo Nogueira Batista como forma de entender o que vem acontecendo de fato na economia brasileira, na nossa indústria especificamente, e quais são as perspectivas que poderemos imaginar frente aos planos, muitas vezes contraditórios, anunciados pelo governo Bolsonaro. Em suma, ao lado das enormes incertezas de natureza política no nosso país, principalmente em função dessa subordinação a uma proposta política de alto risco para a nossa soberania nacional, de acordo inclusive com as bandeiras do governo Bolsonaro, para onde estamos indo sob o ponto de vista econômico e, particularmente, sob o ponto de vista industrial?
A China hoje, apesar do discurso ideológico de Bolsonaro, é indiscutivelmente nosso principal parceiro econômico e, nesse sentido, há de se ter muito cuidado nessas relações que vão se estreitando, apesar do próprio discurso ideológico de Bolsonaro e de muitos dos seus ministros, que claramente apontam um privilégio para os Estados Unidos.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: