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Editorial – 19.04.2021

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Neste 19 de abril, dia do Índio, há algumas outras questões que nós precisamos tratar neste espaço editorial, visto que a barbárie que o Brasil atravessa nos últimos tempos durante a gestão de Jair Bolsonaro infelizmente não é algo que se resume ao mandato do ex-capitão. Há diversos episódios na história do país que evidenciam o caráter autoritário e cruel das forças de segurança do Estado contra a classe trabalhadora. Um dos capítulos mais tristes e simbólicos acaba de completar 25 anos.

 

Em abril de 1996, cerca de 3,5 mil famílias sem-terra ocupavam a Fazenda Macaxeira, na cidade paraense de Eldorado dos Carajás, buscando um pedaço chão para plantar e sobreviver com dignidade. À época, a desapropriação da terra estava garantida por representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). No entanto, a situação mudou quando um laudo considerou a propriedade como produtiva, beneficiando o latifundiário que se dizia dono da fazenda, o que motivou 1,5 mil camponeses a partirem em marcha pela BR-155 com destino a Belém, questionando a veracidade do laudo.

 

Em uma região conhecida como ‘Curva do S’, no dia 17 de abril, os manifestantes foram cercados por um contingente de 150 policiais militares do Pará, no que terminou com o fuzilamento de 21 trabalhadores rurais, naquele que ficou conhecido como o massacre de Eldorado dos Carajás. Este episódio ganhou projeção internacional, mas nem essa carnificina promovida por oficiais do Estado brasileiro foi capaz de fazer com que as ameaças àqueles que retiram seu sustento da terra cessassem no Brasil.

 

De acordo com um monitoramento realizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), 320 trabalhadores e lideranças foram assassinadas no Pará entre 1996 e 2019. O estado lidera o ranking nacional de conflitos por terra. No mesmo período, outros 1.213 receberam ameaças de morte, 1.101 foram presos pela polícia, 30.937 foram vítimas do trabalho escravo e 37.574 famílias foram despejadas em decorrência de decisões judiciais.

 

A tão propalada reforma agrária no Brasil não aconteceu nem mesmo durante os governos do Partido dos Trabalhadores, ainda que alguns avanços tenham sido registrados nos 13 anos em que Lula e Dilma estiveram no Palácio do Planalto. Fato é que o Massacre de Eldorado dos Carajás precisa ser sempre lembrado para que a memória desses 21 verdadeiros heróis que tombaram diante do horror de um Estado que mata quem não tem posses seja respeitada e sirva como exemplo para que possamos ter, de fato, justiça social e terra para quem quer apenas garantir o sustento de suas famílias.

 

Ouça o comentário de Andersom Gomes:

 

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