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Depois do recurso ao Supremo Tribunal Federal que foi inclusive contemplado com uma liminar concedida pelo ministro Luiz Fux, a família Bolsonaro acabou se vendo surpreendida por novas denúncias, se não vejamos, na sexta-feira à noite, o Jornal Nacional mostrou que em um único mês Flávio Bolsonaro recebeu R$ 96 mil em depósitos, 48 depósitos de R$ 2 mil cada um, tudo isso entre junho e julho de 2017, todos os depósitos no caixa eletrônico da Assembleia Legislativa.
Ele também teria pago um título no valor de R$ 1 milhão para um favorecido não revelado pela reportagem. E no domingo, outra informação passada sempre através das organizações Globo, de 2014 a 2017, o Fabrício Queiroz movimentou R$ 7 milhões, R$ 1,2 milhão de janeiro de 2016 a janeiro de 2017, informação que já havia sido vazada através do Coaf, e R$ 5,8 milhões nos dois anos anteriores. Isso perfaz um total de R$ 7 milhões de movimentação financeira. Para um simples motorista, que, além disso, é PM, fica tudo realmente muito suspeito.
Além disso, com relação à decisão do Luiz Fux, outras informações vieram à tona, principalmente as relações do ministro com Gustavo Bebianno, que vem a ser o secretário de Governo da presidência, ele que era inclusive presidente interino do partido do Bolsonaro, o PSL. Isso, no mínimo, deveria colocar a posição de Luiz Fux sob suspeição, afinal de contas há relações muito íntimas, que agora vão se revelando, entre a cúpula do partido de Bolsonaro e o próprio ministro Luiz Fux.
É aquele mesmo que o Supremo estava designando para a presidência do Tribunal Superior Eleitoral e prometeu muita vigilância contra as fake news do processo eleitoral do ano passado, e o que observamos foi que jamais, em tempo algum, em alguma eleição brasileira as fake news tiveram tanta importância, e o Luiz Fux deixou tudo para lá, apesar das suas promessas.
Agora surgem essas informações de que a filha do Luiz Fux, que hoje é desembargadora, Marianna Fux, foi sócia de Gustavo Bebianno no escritório de Sérgio Bermudes, todos membros de bancas de advocacia muito bem quistas no mundo dos negócios, e onde existe essa relação também muito íntima do próprio Bebianno, hoje alto funcionário do Palácio do Planalto, e dirigentes do partido do Bolsonaro.
Isso deveria chamar atenção das autoridades, que deixam a desejar em relação à corrupção no Poder Judiciário, por que no Poder Executivo e Legislativo, conhecemos muito bem como as coisas infelizmente ocorrem no Brasil já há muitos e muitos anos. Por outro lado, a Folha de S. Paulo também apontou para um caminho muito explosivo: 19 transações imobiliárias de novembro de 2010 até hoje, feitas pelo Flávio Bolsonaro através da MLA Participações, onde um dos sócios é uma firma do Panamá, e essa firma adquiriu sete de 12 salas em um prédio comercial que Flávio havia adquirido 45 dias antes e, com isso, ele teve lucros extraordinários, e principalmente levanta suspeitas a respeito desses negócios envolvendo transações imobiliárias na zona Oeste, uma zona onde infelizmente temos a predominância da ação das milícias.
O jornalista Luís Nassif, por outro lado, informa que está em andamento uma operação chamada ‘Quarto elemento’ que desde o dia 25 de abril de 2018 está mobilizando as atenções das autoridades. A milícia da zona Oeste é o principal objetivo da investigação em curso por essa operação, e ela já apreendeu 43 pessoas. A acusação contra elas por serem de milícia é de extorsão, entre eles 23 policiais civis, cinco PM’s, dois bombeiros e um agente penitenciário, e dois desses PM’s são irmãos gêmeos e íntimos da família Bolsonaro. Com tudo isso, há um clima bastante grave contra o governo Bolsonaro que mal começou.
Hoje, por exemplo, ele inicia seu périplo lá em Davos, a turma do Bolsonaro vai apresentar o Brasil e seus negócios à comunidade financeira internacional. Davos é um encontro anual dos super ricos do mundo nessa cidade suíça, e esse governo, que mal começa, se vê envolvido em acusações suspeitas de corrupção, justamente uma das grandes bandeiras do governo Bolsonaro para enfrentar a crise brasileira, apontando, inclusive os governos anteriores, principalmente do PT, como grandes responsáveis pela corrupção no país.
O que vemos agora é que o feitiço vira contra o feiticeiro e a grande questão que se coloca é o seguinte: essas investigações são mais que importantes, mas novamente o que temos é uma tônica de vazamentos muito graves, afinal de contas, especialmente essas informações sobre movimentações financeiras, deveriam ter muito mais cuidado para serem divulgadas, mas estão sendo divulgadas e colocando o governo na parede. A grande questão que se coloca é a seguinte: quem vaza isso?
Muitos dizem que é o Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, outros apontam para o super ministro da Justiça, o Moro, que em última instância é o responsável inclusive pelo Coaf e pela própria Polícia Federal. Há aí muita coisa para ser ainda esclarecida, mas fica claro que a maior parte do eleitorado não prestou atenção na campanha em curso, não prestou atenção inclusive nos alertas que foram feitos sobre a aventura de se apostar a solução da crise brasileira em um político do baixo clero, com uma trajetória parlamentar absolutamente medíocre e, mais do que isso, uma trajetória como ex-militar deplorável.
Nesse sentido chamamos a atenção de todos aqueles segmentos das Forças Armadas brasileiras que apostaram e continuam apostando suas fichas no governo Bolsonaro. Mais do que nunca, são os militares que sabiam muito bem de quem se tratava a persona Jair Bolsonaro, bem como seus filhos. O prejuízo agora que teremos de administrar como brasileiros é enorme, mas precisamos estar atentos porque muito além das questões da corrupção, o que temos em curso é um processo de desmanche, para utilizar inclusive as palavras do atual presidente interino general Mourão.
Precisamos nos mobilizar para evitar o desmanche da Previdência Social pública, desmonte das nossas estatais, desmanche principalmente da Petrobras e de todos os instrumentos que poderíamos ter em mãos para construir um processo soberano de desenvolvimento para o Brasil que fosse, na verdade, um desenvolvimento para os de baixo, para os trabalhadores, para os pobres e miseráveis que continuam a constituir a maioria da população brasileira.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: