Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:
A visita do secretário de Estado dos Estados Unidos Mike Pompeo a Roraima na companhia do ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo na última sexta-feira provocou uma série de polêmicas. Primeiro, o presidente da Câmara Rodrigo Maia criticou de maneira contundente a presença do representante de Donald Trump, chamando de “afronta” às tradições da política externa brasileira.
A declaração do deputado se deu por conta das eleições que acontecem nos Estados Unidos em novembro, ondo o atual presidente é candidato à reeleição. Não bastasse o apoio aberto do Brasil à candidatura de Donald Trump, Mike Pompeo se saiu com uma declaração que mostra os reais interesses estadunidenses para com o nosso vizinho, a Venezuela.
O funcionário de Trump afirmou que vai tirar o presidente Nicolás Maduro do cargo, sem explicar como isso se daria. Para bom entendedor, meia palavra basta. Mike Pompeo ameaça dar um golpe na Venezuela, seja pela via institucional, seja por ação militar, com interesse nas reservas naturais do nosso vizinho, especialmente o petróleo. Tudo isso com o auxílio da gestão de Jair Bolsonaro. Essa declaração do secretário de estado dos Estados Unidos é muito grave e nós temos de denunciar e combater os anseios golpista do imperialismo na América do Sul.
Eu também gostaria de usar nosso espaço editorial de hoje para fazer a leitura de um belo artigo da jornalista Cristina Serra, publicado no último sábado na Folha de S. Paulo, onde ela escreve uma carta ao maestro Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o nosso Tom, morto em 1994, a respeito dos incêndios que acontecem nos nossos biomas. O título do texto é “Carta ao Tom”:
“Querido Tom, nesta semana circulou nas redes sociais (um dia eu te explico o que é) um vídeo antigo seu, deve ter uns 30 anos. Não sei se vai lembrar, mas você diz que, para usar caixa de fósforos no Brasil, o sujeito devia ter uma licença, tal como a autorização para o porte de arma. Se naquela época já tinha gente botando fogo no mato e isso escandalizava você, agora não faz ideia de como a coisa piorou.
Eu não queria ser portadora de más notícias, Tom, mas deixa eu desabafar. Estamos em 2020, e o governo do Brasil é inimigo do meio ambiente. Precisa ver o ministro e o general encarregados de cuidar (?) das nossas florestas, dos nossos rios, dos nossos animais. Nem vou falar do presidente. Você não precisa saber da existência de alguém tão… deixa pra lá, Tom.
No ano passado, teve o Dia do Fogo na Amazônia. A polícia disse que um bando de empresários está por trás disso. Foram incêndios criminosos. Mas ninguém foi preso nem punido. Neste ano, a Amazônia voltou a queimar, mas a calamidade maior, Tom, é no Pantanal. É o maior fogaréu em 20 anos. A polícia já sabe que o fogo começou em grandes fazendas. O que o governo faz? Passa a boiada, se é que você me entende.
Vi na TV uma onça com as patas em carne viva. Lembrei da capa do seu disco que eu mais amo, Terra Brasilis. Tantos bichos lindos calcinados: antas, tatus, tamanduás, pássaros, jacarés, onças. O Pantanal é um tapete de cinzas. “Deixa a onça viva na floresta, deixa o peixe n’água que é uma festa, deixa o índio vivo (…) não quero fogo, quero água, deixa o mato crescer em paz…”. Ah, Tom, que saudade!
Partes do Cerrado e da mata atlântica também estão em brasas. A fumaça chega às cidades, as pessoas adoecem. Olha, Tom, ainda bem que você não está aqui pra ver essa desgraça toda.
O Brasil de sonho e encantamento que você cantou não existe mais. Lembrando o nosso querido Drummond, aquele Brasil é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!”
Ouça o comentário de Anderson Gomes: