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Na madrugada de ontem, um grupo de militares venezuelanos, cerca de 27, foram detidos após justamente ensaiarem uma escaramuça militar procurando aparentar uma espécie de revolta contra o governo Maduro. A rigor, sob o ponto de vista militar, foi uma pequena movimentação rapidamente controlada pela Guarda Nacional venezuelana, contudo, isso mostra que a evolução da conspiração internacional contra o governo Maduro vai ganhando força e, principalmente, penetrando nas próprias Forças Armadas, que hoje constituem o principal alicerce, junto à população, de apoio ao governo Maduro na Venezuela.
Essa rebelião foi em um posto da Guarda Nacional em um bairro popular da grande Caracas e mostra, de alguma maneira, que essa conspiração internacional está ganhando corpo. Ontem mesmo, o Bolsonaro, lá em Davos, fugindo completamente do que se pode esperar nas relações diplomáticas de um país como o Brasil com o seu vizinho Venezuela, defendeu que o governo de Maduro caia, e disse esperar inclusive que caia rapidamente. Olha que o Bolsonaro criticava muito o tal viés ideológico de uma política que teria sido adotada pelo governo brasileiro a partir das gestões do Lula e da Dilma.
A rigor, na verdade, o que tivemos no período do Lula e da Dilma foi uma busca desesperada de ampliação das fronteiras comerciais do Brasil pelo mundo afora, e é nesse sentido que houve uma priorização sim nas relações com os países da Ásia, principalmente a China, e com países árabes, além de outros países do hemisfério sul, mas não há, na verdade, nenhum tipo de viés ideológico nisso, é a velha busca de ampliação de receitas de exportação, de um modelo econômico que precisa disso e, afinal de contas, esse modelo cada vez mais se baseia na super exploração dos nossos recursos naturais e na super exploração da nossa força de trabalho, uma velha prática da nossa burguesia há séculos no nosso Brasil
É muita exportação de produtos agrícolas, minerais, por exemplo, produtos de baixo valor agregado para cada vez mais importarmos bens e serviços ou componentes da própria indústria para poder viabilizar o consumo abastado de segmentos que são privilegiados dentro do Brasil e que não se confundem, na verdade, com a imensa massa de pobres e miseráveis que temos, mas isso viabiliza um modelo societário absolutamente injusto, conhecemos isso, vem de séculos atrás, e onde vamos convivendo com essas enormes deformações.
A principal delas é a super exploração do trabalho, a outra é a super exploração dos nossos recursos naturais, tudo isso, repito, para manter o alto consumo de classes privilegiadas que se beneficiam justamente dessa exploração dos trabalhadores brasileiros e da exploração dos nossos próprios recursos naturais. Enquanto não nos encontrarmos como país, com um projeto próprio de desenvolvimento, esse tipo de formação vai continuar e continuaremos a padecer de problemas sociais muito graves.
O Bolsonaro, quando encarna essa política claramente defendida por Washington, ele também abre outros flancos para o nosso país, afinal de contas o que significa a perspectiva de, por exemplo, um conflito armado na Venezuela? Todos nós sabemos que o governo de Maduro tem um amplo apoio popular, além de um amplo apoio dentro das Forças Armadas. A tentativa de desestabilizar esse governo pode abrir um processo de lutas, inclusive militares dentro desse nosso país vizinho que terá consequências muito graves até para nossa crise econômica, precisaria ser enfrentada com disposição e com uma outra visão.
Ontem, por exemplo, o governo de Goiás decretou também o chamado de estado de calamidade financeira. Há pouco escutei um comentarista ligado aos bancos de uma rádio concorrente afirmar que estado de calamidade só pode ser recorrido quando existe algum fenômeno extraordinário, uma espécie de catástrofe natural, algum tipo de evento que nossa sociedade não está preparada para suportar, e esse comentarista perguntava se a má gestão financeira poderia se enquadrar nesse tipo de caracterização de calamidade pública.
Na verdade não, o problema é que a calamidade financeira é algo produzido pelas regras que estão sendo estabelecidas no nosso país principalmente de relação do Governo Central com os entes federados, especialmente com os estados e grandes municípios que têm responsabilidades constitucionais, mas, ao mesmo tempo, estão submetidos a regra financeiras estabelecidas pelos governos vinculados aos interesses de banco, de multinacionais, que acaba por inviabilizar os governos sub-nacionais, essa é a questão que deveria ser enfrentada.
A calamidade financeira é provocada justamente por regras que visam manter um modelo econômico que não diz respeito aos interesses nacionais, muito menos aos interesses da nossa população que precisa de serviços públicos adequados na área da saúde, da educação, dos transportes públicos, da segurança, do saneamento, em todas as áreas que dizem respeito ao bem-estar, mas qual o que, as regras financeiras impostas priorizam basicamente os interesses financeiros e, nesse sentido, não encontramos soluções de criar possibilidades dos governos cumprirem inclusive com a Constituição, que coloca uma série de tarefas para estados e municípios, tarefas essas que são afetadas justamente pelas regras que são impostas por Brasília em relação os entes federados.
Essa é uma questão central de ser enfrentada, mas não, a discussão vai para o suposto desequilíbrio das contas públicas, vejam bem, provocado por pagamento de pensões e aposentadorias que na sua grande maioria são de um valor de um salário mínimo, menos de R$ 1 mil por mês. Ora, estamos vivendo, portanto, uma verdadeira farsa, uma tragédia que é construída diariamente através dos meios de comunicação principais do país, que procuram apresentar o problema econômico brasileiro como se fora um problema de natureza fiscal. Não, não é um problema de natureza fiscal.
O Estado brasileiro tem todas as condições de arrecadar recursos e empregar em prol da população. Se não o faz é porque existe uma dominância política que impede isso, que essa dominância política tem nome e sobrenome, é o sistema financeiro nacional e internacional que impõem uma ditadura no nosso país e, principalmente, situações absolutamente graves para nossa população conforme estamos assistindo no drama, por exemplo, dos hospitais aqui no Rio de Janeiro ou do transporte público, duas mazelas com as quais temos de conviver de forma absolutamente irresponsável por conta das decisões do próprio governo, principalmente do Governo Federal.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: