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Editorial – 22.10.2021

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Enquanto os caminhoneiros que transportam combustíveis paralisam suas atividades em seis estados do país protestando contra o aumento exorbitante do óleo diesel e da gasolina, enquanto as pessoas disputam restos de comida no lixo por não terem com o que se alimentar, o tal do mercado financeiro entra em polvorosa quando o Paulo Guedes ameaça descumprir o teto de gastos para dar conta daquele projeto eleitoreiro do presidente Jair Bolsonaro, de criar o programa Auxílio Brasil para substituir o Bolsa Família com parcelas mensais a partir de R$ 400 para famílias em situação de pobreza extrema.

 

E o jornalista Milton Temer exemplifica bem essa disputa que há no seio do ultraliberalismo com um comentário que ele divulgou nas suas redes sociais ontem (21). Diz o Milton:

 

O grande capital, via seus porta-vozes na mídia reacionária, está empenhado em usar até o talo, e de forma pejorativa, o conceito de populismo para justificar sua negativa perversa à retomada do auxílio assistencial para desempregados e vulneráveis. Que Lula defende a R$ 600 contra os R$ 400 propostos por Bolsonaro/Guedes.

 

Insistem no cantochão da “economia em frangalhos” resultantes dos governos petistas para defender um “ajuste fiscal”, sem citar que tal quadro trágico resultou exatamente da adesão de Dilma aos preceitos que tinham reduzido a frangalhos a economia ao fim do mandarinato neoliberal e antissocial de FHC.

 

Não é o populismo distributivo – que não vai encontrar em mim um defensor, se não for apenas uma transição para um período de transformações estruturais da economia política brasileira – que leva a economia ao destrambelho para os que vivem de sua força de trabalho.

 

Nessa economia “em frangalhos”, os grandes banqueiros privados, seus executivos e seus porta-vozes na mídia não cessam de acumular lucros pantagruélicos. Pelo contrário. O que não querem é ver uma política assistencialista provocar furo no famigerado Teto de Gastos, instrumento fundamental da garantia de resultados na especulação manipulada com a dívida pública, onde se escora boa parte de seus ganhos.

 

Um teto de gastos que corta em tudo – saúde, educação, transporte, habitação – mas não reduz em um centavo o fluxo de serviços de uma dívida enriquecedora dos maganos do grande capital.

 

Repito. Não é o “populismo” que ameaça a estabilidade econômica do País, até porque o fluxo de recursos aí empregado termina por ativar a economia, principalmente nas pequenas e médias empresas industriais e comerciais, pelo consequente aumento de consumo. E o consequente aumento do fluxo tributário.

 

O que nos ameaça é não dar consequência estrutural ao movimento que transforme o caráter assistencial em um período de transição para a implantação de reformas profundas que alvejem sem piedade o setor rentista das classes dominantes, e isente de forma concreta a tributação dos que vivam de sua própria força de trabalho. Fora daí, é opinião comprada”.

 

Assim termina o texto do jornalista Milton Temer. Eu confesso a vocês, ouvintes, que tenho levado cada vez mais a sério aquela provocação feita pelo Jair Bolsonaro, quando ele brada para que o pessoal da esquerda vá para Cuba. De acordo com dados do Banco Mundial, desde 2019, quando teve início a gestão do ex-capitão, o Produto Interno Bruto per capita cubano é maior que o brasileiro. Talvez seja esta a única sugestão correta desse senhor que leva o país à absoluta bancarrota.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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