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Editorial – 23.01.2019

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A situação revelada ontem pela investigação do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil do Rio de Janeiro com relação à milícia de Rio das Pedras mostra muito bem como as coisas ocorrem aqui no nosso país e, principalmente, as relações entre essa milícia e particularmente o gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro. Flávio Bolsonaro é senador eleito pelo Rio de Janeiro e filho de Jair Bolsonaro, o presidente da República.

 

E essas investigações mostram o quê? Essa milícia de Rio das Pedras tem um comando composto por ex-integrantes da PM e até mesmo integrantes da própria polícia e, mais do que isso, esse comando é suspeito também de ser executor de assassinatos sob encomenda. Nesse sentido, as investigações poderão talvez esclarecer a execução da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, crime até hoje não esclarecido pela polícia, mas vários segmentos da Secretaria de Segurança apontam que é um dos integrantes desse bando que foi o executor do crime.

 

Mais do que isso, esse integrante, que seria o comandante maior desse grupo de milicianos lá de Rio das Pedras, é justamente um ex-PM que tem ou teve a sua própria mulher e sua mãe empregadas no gabinete de Flávio Bolsonaro. As coisas evidentemente se complicam muito para o senador eleito e, porque não dizer, para o próprio Jair Bolsonaro, afinal de contas tanto o pai como seus filhos tiveram uma posição muito, no mínimo, questionável em relação ao próprio assassinato de Marielle Franco.

 

Além do que, são contumazes parlamentares que procuram valorizar a ação das milícias e, mais do que isso, homenagear milicianos. Isso mesmo, o próprio Flávio Bolsonaro já prestou homenagens, aprovou moções na Assembleia Legislativa em apoio a integrantes desse bando criminoso lá de Rio das Pedras que agora também carrega essa suspeita de serem executores de assassinatos sob encomenda, trabalhando principalmente para banqueiros do jogo do bicho, mas que a Secretaria de Segurança desconfia que podem também estar por trás do assassinato de Marielle Franco, o que não significa que sejam esclarecidos os mandantes desse terrível crime que vitimou a vereadora e seu motorista.

 

A grande questão é que isso mostra bem relações promíscuas dos nossos poderes constituídos com o mundo do crime, não somente com o mundo dos negócios. Com o mundo dos negócios já ficou muito claro, inclusive através das operações anticorrupção, principalmente a operação Lava Jato, mas agora as coisas se aproximam perigosamente do mundo do crime violento, do crime por encomenda, dos assassinatos que temos assistido aqui no Rio de Janeiro, inclusive muitas vezes vitimando policiais.

 

Essa madrugada mesmo já tivemos o quarto assassinato de um PM sempre em situações muito curiosas. São execuções feitas à luz do dia ou na calada da noite e sem que as autoridades esclareçam. Há inclusive informações de que um dos problemas da ação desse grupo de criminosos é que dentro da Secretaria de Segurança haveria todo um esquema para protegê-los.

 

É bem possível, são todos PM’s, ex-PM’s, bombeiros, agentes penitenciários, portanto, as coisas vão se complicando e o pior de tudo, se complicam agora em torno do próprio Palácio do Planalto, porque será muito difícil continuar, conforme a estratégia de defesa de Flávio Bolsonaro, a transferir toda e qualquer responsabilidade por eventuais problemas que surgem na vida parlamentar do atual senador eleito para a conta do seu ex-motorista, o Fabrício Queiroz.

 

Porque ontem Flávio Bolsonaro voltou a atribuir qualquer responsabilidade, inclusive dessas relações de emprego de parentes de um dos ex-PM’s acusados de participar desse bando criminoso com seu gabinete, da contratação da mulher e da mãe de um dos integrantes desse bando ao seu ex-motorista, como se ele fora na verdade responsável pelo seu gabinete.

 

Será muito difícil sustentar isso em um momento em que o próprio Fabrício Queiroz continua desaparecido, ou melhor, continua muito bem instalado, tudo indica, em um hospital israelita, o Albert Einstein, em São Paulo, um hospital caríssimo e que até agora ninguém esclarece quem banca uma conta milionária em um estabelecimento hospitalar dessa natureza.

 

Portanto, haverá muitos esclarecimentos que o Ministério Público e a própria polícia deverão prestar e continuar, principalmente, investigando, afinal de contas parece que poderemos chegar pelo menos nos executores da vereadora Marielle Franco, mas paira ainda a enorme pergunta: quem foi que fez a encomenda desse crime? E, mais do que isso, quais são de fato as relações de Jair Bolsonaro e de Flávio Bolsonaro com esse grupo criminoso de Rio das Pedras? Os indícios são péssimos, mas o direito de defesa tem de ser dado a qualquer cidadão brasileiro. O que queremos agora são os esclarecimentos.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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