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Editorial – 23.07.2019

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Ontem conversamos no programa a respeito das mentiras e absurdos que o presidente Jair Bolsonaro proferiu no último fim de semana. Justamente a respeito disso, eu gostaria de ler no nosso editorial de hoje a coluna do jornalista Bernardo Mello Franco no jornal O Globo, do último domingo, onde ele trata desse episódio. A coluna tem o título “A mentira como método”.

 

Todos os políticos mentem, mas alguns políticos mentem mais do que os outros. Com Donald Trump, a mentira virou método de governo. O presidente dos EUA espalha fake news como quem troca de camisa. Desde o início do mandato, já divulgou mais de dez mil informações falsas ou distorcidas. A conta é do jornal “The Washington Post”, que criou um site só para registrar as cascatas do republicano.

 

Jair Bolsonaro é admirador declarado de Trump. Na campanha, seguiu sua receita de tuítes incendiários e “fatos alternativos”. Disseminou embustes sobre as urnas eletrônicas, a distribuição de livros escolares e a própria atuação no Congresso.

 

No poder, o presidente adotou a mentira como prática cotidiana. Na sexta-feira, ele bateu uma espécie de recorde pessoal. Em entrevista à imprensa estrangeira, mentiu sobre a fome, o desmatamento, a educação e o uso de agrotóxicos no país.

“Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora, passar fome, não”, disse. O último relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) mostrou que 5,2 milhões de brasileiros vivem em grave situação alimentar. Devem ser cidadãos invisíveis para o presidente.

 

Em resposta a um correspondente alemão, Bolsonaro disse que o Brasil está “nos últimos lugares no tocante ao uso de agrotóxicos”. A mesma FAO informa que o país é o mais consumidor de pesticidas no mundo. Nos primeiros seis meses do ano, foram liberadas 239 novas substâncias.

 

Questionado sobre a Amazônia, o presidente repetiu a cantilena de que “nós podemos ensinar qualquer país do mundo a proteger seu meio ambiente”. Mais tarde, alguém o lembrou de que o desmatamento da floresta cresceu 60% em junho. Irritado, ele contestou os dados oficiais e sugeriu que o diretor do Inpeestaria “a serviço de alguma ONG”.

Bolsonaro também disse que “a educação aqui no Brasil, nos últimos 30 anos, nunca esteve tão ruim”. A afirmação não bate com a vida real. Em 1991, o país tinha 20% de analfabetos. Hoje tem 6,8%, de acordo com o IBGE.

 

O presidente ainda usou informações falsas para atacar Míriam Leitão. Disse que a jornalista participou de ações armadas contra a ditadura, o que não ocorreu, e contestou as torturas que ela sofreu num quartel do Exército, relatadas à Justiça Militar. 

Dois dias antes, Trump sacou outras mentiras para difamar a deputada Ilhan Omar, nascida na Somália. Chegou a acusá-la de simpatia com uma organização terrorista, reforçando o preconceito contra muçulmanos.

 

Além do uso contumaz de mentiras, os insultos de Trump e Bolsonaro têm outra característica em comum. Seus alvos preferenciais são as mulheres”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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