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Editorial – 24.06.2019

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O trabalho investigativo do The Intercept Brasil ganhou agora recentemente um reforço. O jornal Folha de S. Paulo anunciou uma parceria com a equipe de jornalistas do Intercept Brasil e passará a divulgar as gravações obtidas pelo site entre Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato. O Sérgio Moro, por sua vez, publicou um de seus posts afirmando que a montanha pariu um rato. Na verdade, ele quer minimizar essas gravações que vêm sendo divulgadas. Entretanto, há muita coisa a ser explicada.

 

O Sérgio Moro nessas gravações, fica muito claro isso, sugere à procuradoria mudar a ordem de fases dos interrogatórios envolvendo inclusive o Lula. Ele cobra a realização de novas operações, ele indica testemunhas e antecipa ao menos uma decisão aos procuradores. O Sérgio Moro também propôs uma resposta ao showzinho, de acordo com ele, da defesa de Lula que havia prestado depoimento. Em um dos diálogos, o Deltan Dallagnol, procurador, questiona a solidez das provas que sustentaram a primeira denúncia contra o ex-presidente Lula no caso do triplex do Guarujá, e mais do que isso, em conversa com o Deltan Dallagnol, o Sérgio Moro sugere melhorar o desempenho de uma procuradora durante interrogatórios.

 

A orientação foi passada à força-tarefa que externou uma preocupação de que isso não ocorresse no caso Lula. Alvo da crítica, a procuradora não participou de outras audiências com o ex-presidente. O Moro também se posicionou contra investigações a respeito do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na Lava Jato, por temer que elas afetassem alguém cujo apoio é importante, e por aí vai.

 

Os indícios a respeito dessas irregularidades são abundantes. O Moro foi convocado pela Câmara e disse que iria comparecer nessa próxima quarta-feira, mas o que ele fez, simplesmente, viajou para os Estados Unidos para contatos com organismos de segurança daquele país e agora, ou pelo menos seus aliados na Câmara, prometem que ele dará esse esperado depoimento em outra data a ser marcada.

 

Com isso, está muito claro o seguinte: essa operação do Sérgio Moro junto com os procuradores no âmbito da operação Lava Jato não pode ser desmerecida, especialmente no tocante à descoberta desses esquemas de corrupção. Agora, por outro lado, não podemos ser ingênuos. Claramente no âmbito dessa operação Lava Jato também se tramou abertamente a possibilidade de condenação de Luiz Inácio Lula da Silva e a impugnação da sua candidatura.

 

Isso fica muito claro quando a gente observa inclusive a rapidez com que esse processo tramitou  lá no Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A grande questão é se essas gravações que vêm sendo reveladas pelo Intercept Brasil, agora com apoio do jornal Folha de S. Paulo, chegarão a revelar estreitas ligações não somente do Moro com os procuradores, mas talvez entre Moro e os próprios desembargadores do TRF-4.

 

Essa é uma questão central que nesse momento deve estar preocupando principalmente a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal que amanhã vai se debruçar novamente sobre pedidos dos advogados de Lula e poderão bater o martelo a favor do ex-presidente. Há quem fale que essa Segunda Turma poderá definir a própria liberdade do ex-presidente. Teremos de aguardar, mas a grande questão que se coloca é que no âmbito da Lava Jato ficou claro que havia um propósito bem imediato e objetivo: a impugnação da candidatura do Lula.

 

Essa é a grande questão que se acrescenta a um conjunto de irregularidades que marcaram o processo eleitoral do ano passado, e é isso que deveria levar, pelo menos no meu ponto de vista, a oposição verdadeira brasileira se unificar e claramente exigir a realização de novas eleições para Presidência da República. Não é possível que estejamos a assistir tantas barbaridades em curso nesse momento após essa eleição do Bolsonaro que, ao que tudo indica, foi totalmente irregular.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

 

Entrevista em 24.06.2019

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