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O instituto Datafolha divulgou ontem mais um resultado de pesquisa de intenções de voto para as eleições presidenciais de outubro, e o cenário não se alterou quase nada em relação ao levantamento anterior, pouco menos de um mês atrás. Lula e Bolsonaro oscilaram na margem de erro, o petista com 47% e o ex-capitão aparecendo com 27% da preferência dos eleitores. Isso configura vitória de Lula ainda no primeiro turno.
O jornalista Leonardo Sakamoto analisou os números, tomando como base as propostas de ampliação do programa Auxílio Brasil pelo governo. O título da coluna, publicada ontem (23) pelo site UOL, que eu faço a leitura agora aqui para vocês é “Para não se afogar já no 1º turno, Bolsonaro vê auxilio de R$ 600 como boia”. O Sakamoto diz o seguinte:
“Lula venceria no primeiro turno, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta (23), com 53% dos votos válidos, muito graças às famílias com renda de até dois salários mínimos. Não à toa, o governo Bolsonaro esteja tentando um aumento temporário de 50% no Auxílio Brasil, de R$ 400 para R$ 600, para durar até o final do ano. Assim, ele teria uma boia em que se agarrar em meio à inflação alta e à fome.
De acordo com o instituto, Lula marca 47% e, Jair, 28%, considerando os votos totais e todos os eleitores. Mas ganha do atual presidente por 56% a 22% entre as famílias que ganham até R$ 2.424/ mês. O quadro é de estabilidade frente aos 56% a 20% registrados em maio.
Já entre quem recebe os R$ 400 do Auxílio Brasil, Lula continua marcando 59% a 20%. Na amostra do Datafolha, o grupo mais pobre representa a maioria do país, com 52% da população.
Apesar de Bolsonaro ter recuperado terreno entre os mais ricos, os sulistas e os homens, os mais pobres continuam sendo a fortaleza de votos para Lula devido à memória da bonança econômica em seu governo. Em outras palavras, a lembrança da presença de “picanha e cerveja” na geladeira, como o próprio líder petista gosta de citar.
A inflação oficial cedeu um pouco no último mês, mas ela continua na casa de dois dígitos, corroendo o poder de compra de salários e dos benefícios sociais. Ao mesmo tempo, o tamanho do tombo na renda dos trabalhadores diminuiu, porém continua em 7,9% nos últimos 12 meses. Mesmo com a melhora nos índices, os preços seguem altos e a despensas vazias.
Até agora, a estratégia bolsonarista buscava ganhar tempo com temas relacionados a comportamento e costumes, como armas e aborto, enquanto o centrão no Congresso Nacional tentava reduzir na marra o preço dos combustíveis (planejando tirar recursos do ICMS que iriam para educação e saúde dos mais pobres) e na expectativa de que a inflação caísse naturalmente.
Nesta quinta, o governo sinalizou que deve mudar a estratégia, uma vez que forçar ICMS zero para combustíveis nos estados poderia não produzir o resultado eleitoral desejado. A nova aposta é que aumentar o Auxílio Brasil em 50% causará mais impacto no grupo de eleitores que está dando uma vitória a Lula no primeiro turno.
Se Bolsonaro conseguir melhorar a situação econômica, sobrará mais espaço na agenda urgente dos mais pobres para que outras questões, como os temas relacionados a costumes, sejam levadas em conta na decisão do voto. Por enquanto, a sobrevivência se impõe e deixa todo o resto de lado.
A maioria das pesquisas tem mostrado que o governo já colheu o impacto que poderia com o Auxílio Brasil. Acredito que ele teve sim um ganho, caso contrário Bolsonaro teria ainda menos intenção de voto do que os 20% entre os beneficiários.
O Ipespe, na última pesquisa que divulgou antes da censura pelo mercado, perguntou quais candidatos teriam certas características. Lula teve um de seus melhores resultados na categoria ‘preocupação com as pessoas’, com 45%, enquanto Bolsonaro amargou o seu segundo pior, com 24%.
A melhor avaliação do atual presidente junto ao público mais pobres ocorreu com o pagamento das seis parcelas de auxílio emergencial de R$ 600, em 2020. Agora, o governo deve tentar trazer de volta a percepção daquele momento para convencer que Bolsonaro se ‘preocupa com as pessoas’. E, por isso, merece um segundo turno nas eleições. Se isso vai colar ou não, são outros 600”.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: