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Editorial – 25.10.2021

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Em mais uma daquelas suas iniciativas diversionistas, tentando mudar o foco do relatório final da CPI da Pandemia, onde ele é protagonista pelos inúmeros crimes imputados no enfrentamento à Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro tratou de anunciar o piso do programa Auxílio Brasil, que vai substituir o Bolsa Família, em R$ 400, quase que obrigando o ministro da Economia Paulo Guedes a assumir o furo ao teto de gastos, algo que, como era de se esperar, provocou um rebuliço no tal do mercado financeiro e na mídia dominante.

 

Evidente que nós trataremos desse tema durante a semana, essa ação populista do chefe do Executivo que aposta alto na busca pela reeleição no ano que vem, mas eu gostaria de dar espaço para aquilo que realmente é importante, que são os malfeitos cometidos nesse governo durante a pandemia.

 

O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado deverá ser votado amanhã (26), e, sobre isso, a jornalista Cristina Serra escreveu mais um ótimo artigo para sua coluna no jornal Folha de S. Paulo no último sábado (23), que tem o título “Uma CPI para a história”. Diz a Cristina:

 

As descobertas da CPI da Covid no Senado trazem fortes elementos a indicar a duração do bolsonarismo entre nós. Que outro presidente foi acusado de crimes contra a humanidade no exercício do cargo, sem estar em guerra com outros países ou em guerra civil, e, ainda assim, permaneceu no poder e com base social de apoio significativa, como mostram as pesquisas?

 

A gargalhada de Flávio Bolsonaro ao tomar conhecimento do relatório também é um lembrete sinistro de que o bolsonarismo terá muitos herdeiros, mesmo que Bolsonaro não se reeleja, fique sem mandato, seja processado e preso. Infelizmente, essa corrente política veio para ficar. Por quanto tempo? Difícil saber, mas é certo que não vai se desintegrar como poeira cósmica, porque se ampara em traços fundadores da sociedade brasileira: violência, desapreço à vida, banalização da morte.

 

O documento nos confronta com o horror que seres humanos são capazes de produzir. E isso é o mais perturbador. O mal em grande escala foi produzido por seres humanos, não por monstros. São pessoas de índole monstruosa, mas são pessoas, de carne e osso, como eu e você.

 

Que bom seria se o mal fosse produzido apenas por monstros do cinema. Mas, repito, o mal em quantidade industrial foi perpetrado por pessoas. O presidente do país, ministros, autoridades, políticos, servidores públicos, sabujos e capachos em geral, empresários, médicos. Além de terem contribuído para a mortandade, zombam dela.

Zombaram no começo da “gripezinha”, zombaram da asfixia em massa, zombaram de um suicídio, zombarão sempre, porque é da sua natureza fazer e propagar o mal.

 

O relatório da CPI vai estarrecer historiadores e as gerações futuras. Eles irão se perguntar: como o Brasil elegeu Bolsonaro? A pergunta mais difícil e incômoda de responder, porém, será: como os brasileiros o mantiveram no poder mesmo depois de tudo o que fez e/ou deixou de fazer? Carregaremos esse horror para o resto das nossas vidas”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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