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Editorial – 25.11.2021

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Como vocês ouvintes sabem, na última segunda-feira (22) fomos surpreendidos por mais uma ação violenta da polícia do Rio de Janeiro que provocou nove mortes no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do estado. Os moradores da região dizem que os oficiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) realizaram uma chacina, versão que os militares negam.

 

Nós vamos nos aprofundar nesse tema no programa de hoje, em uma entrevista com a cientista social e Coordenadora da Rede de Observatórios de Segurança Sílvia Ramos, mas, antes disso, eu faço questão de fazer a leitura de um artigo escrito pelo economista José Luís Fevereiro e publicado nas suas redes sociais a respeito dessa tragédia. O título do texto é “Sobre corações e mentes”:

 

O massacre da favela do Salgueiro em São Gonçalo segue um roteiro conhecido. É o roteiro do massacre de My Lai, em 1968, no Vietnam, ou do massacre de Wiriamo em Moçambique, 1972.

 

Tropas americanas identificaram a existência de uma base Vietkong próximo da aldeia de My Lai de onde saiam ataques e emboscadas frequentes. Incapazes de localizar a base, os oficiais americanos resolveram retaliar a população civil massacrando 400 pessoas. Era a época em que os EUA usavam o lema “disputar corações e mentes” para vencer a guerra.

 

Essa mesma retórica o exército colonial português usava em Moçambique: “disputar corações e mentes”. A guerra psicológica. Em dezembro de 1972, uma emboscada da Frelimo atingiu uma coluna militar portuguesa na região. Em retaliação, uma Companhia de Comandos do exército colonial atacou e matou centenas de civis na aldeia de Wiriamo. Sobreviveu um garoto de 2 anos adotado como mascote pela companhia. Seu nome era Tomé. Eu o conheci.

 

Um sargento da PM foi assassinado em São Gonçalo. A polícia imagina que os responsáveis saíram da favela do Salgueiro. Invadem a favela em retaliação e matam quem aparece pela frente. Foi assim meses atrás no Jacarezinho, foi assim anos atrás na Maré.

 

No Vietnam, em Moçambique e no Rio de Janeiro ao fracassar na disputa de corações e mentes a saída das forças militares é assassinar as mentes e os corações.

 

Até quando?

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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