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Editorial – 26.10.2021

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Como nós temos anunciado aqui nos últimos dias, nesta terça-feira (26) acontece a votação do relatório final da CPI da Pandemia, que marcará o ato derradeiro dessa comissão de inquérito que já entrou para a história do nosso país. No programa de hoje, teremos uma entrevista importantíssima com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, que vai nos falar a respeito dos trabalhos que foram desenvolvidos na busca pelos culpados por essas mais de 600 mil mortes em meio à Covid-19 no Brasil, que tem o presidente Jair Bolsonaro como protagonista.

 

Mas eu gostaria de ler no editorial de hoje a coluna da jornalista Thaís Oyama, publicada ontem (25) pelo site UOL, onde ela fala sobre as tentativas dos dois presidenciáveis que encabeçam a polarização política que há no país, Lula e Bolsonaro, de conquistar popularidade com programas assistencialistas visando as eleições. O título do texto é “A fala marota de Gleisi e os riscos da aposta desesperada de Bolsonaro”:

 

A mais recente e desesperada investida do presidente Jair Bolsonaro na tentativa de reeleger-se —a distribuição, sem projeto e sem lastro, de R$ 400 reais a 17 milhões de brasileiros — pode fracassar no seu objetivo principal, o de colher votos entre os mais pobres.

 

Em entrevista publicada hoje na Folha, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, sacramentou o que o ex-presidente Lula já vinha marotamente ventilando: que o PT irá entrar em campo em 2022 com uma proposta de Bolsa Família no valor de R$ 600 reais.

 

Ou seja, para neutralizar o canto da sereia de Bolsonaro junto ao eleitorado de baixa renda, o PT está disposto a cantar mais alto.

 

Do ponto de vista eleitoral, trata-se de uma boa estratégia.

 

Da mesma forma que o sapo não pula por boniteza, mas por precisão, o eleitor — rico, remediado e pobre— não vota por gratidão.

 

Assim, no caso do eleitor de baixa renda, não se espera que ele vá retribuir com seu voto a “gentileza” de um governo que o ajudou a sobreviver.

 

Muito mais razoável é que ele vote neste governo para não deixar de receber o dinheiro na hipótese de a oposição vencer.

 

Se, no entanto, a oposição se compromete a seguir com o benefício e ainda aumentar o seu valor, a vantagem do incumbente desaparece.

 

E a briga passa a ser outra: a de quem tem mais capacidade de convencer o eleitorado preocupado com a sobrevivência de que estará com ele a partir de 2023.

 

Nesse ponto, o presente indica que o futuro reserva golpes bem abaixo da cintura para um lado e para o outro.

 

Bolsonaro, que chamava o programa de transferência de renda do PT de “Bolsa Esmola”, agora diz que “seria extremamente injusto” deixar milhões de brasileiros “com o valor tão pouco no Bolsa Família”.

 

Já Lula e Gleisi afirmam, sem corar, que o PT defende um Bolsa Família de R$ 600 “desde o ano passado” — uma forma de blindar-se da acusação de que o PT entrou em um leilão com Bolsonaro depois que o ex-capitão prometeu bater o martelo em um auxílio de R$ 400 reais.

 

O projeto que foi apresentado pela bancada petista na Câmara dos Deputados no ano passado prevê o pagamento do “benefício variável, no valor de R$300,00 (trezentos reais) por criança, adolescente, gestante e nutriz” e “será concedido às famílias que se encontrem em situação de extrema pobreza ou de vulnerabilidade de renda”.

 

Os R$ 600 reais — que agora Lula e Gleisi citam como valor “desde o ano passado” proposto para o Bolsa Família— seriam garantidos, de acordo com o projeto, apenas em situações de calamidade, como a pandemia, e por um período restrito.

 

Antes de o ex-capitão entrar em campo com seus R$ 400 reais, portanto, o que o PT oferecia era um Bolsa Família de valor mínimo de R$ 300 reais e não de R$ 600.

 

Esse é o fato.

 

Mas o que podem os fatos diante das versões?

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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