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Editorial – 27.03.2020

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O genocídio como política de governo fica mais evidente a cada dia no Brasil. Os posicionamentos irresponsáveis de Jair Bolsonaro e sua claque ganharam novos capítulos ontem. Talvez o mais emblemático tenha sido o flagrante da equipe do Faixa Livre ao ministro da Economia Paulo Guedes, quando este praticava exercícios na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, contrariando as recomendações da Organização Mundial da Saúde e de seu colega no Executivo Luiz Henrique Mandetta referentes ao isolamento social e à necessidade de manter-se em quarentena, já que teve contato com pessoas infectadas pelo novo coronavírus.

 

A falta de humanidade do ex-capitão do Exército se fez presente no decreto onde incluiu as atividades religiosas como serviços essenciais, permitindo a ocorrência de cultos durante o período da pandemia no país. A iniciativa tem a intenção clara de atender aos apelos dos pastores evangélicos que patrocinaram sua eleição ao cargo máximo da República, já que a ausência de encontros presenciais com os fiéis derrubou o caixa desses verdadeiros mercados da fé.

 

Não é novidade para ninguém que Bolsonaro, desde o início de seu mandato, segue à risca a cartilha de Donald Trump nos Estados Unidos. O desprezo à emergência sanitária provocada pela Covid-19 apresenta suas consequências no país norte-americano, que passou a ser o epicentro da doença no mundo, ultrapassando a Itália e a China em número de casos. Já são mais de 500 mil em todo mundo, com 100 mil novas ocorrências em apenas dois dias, um novo recorde no avanço.

 

A diferença é que o presidente estadunidense tenta corrigir a ignorante postura negacionista com intervenção profunda do Estado, oferecendo US$ 1200 por mês às famílias de menor renda, com acréscimo de US$ 500 por criança, além de salvar as empresas que afundaram na crise. O maior plano de resgate econômico da história mobiliza US$ 2 trilhões, valor superior ao PIB brasileiro no ano passado.

 

Enquanto isso, o ex-capitão do Exército acenava com R$ 200 mensais de auxílio, valor elevado para R$ 600 pelos parlamentares com apoio das centrais sindicais. A proposta é um acinte, beira a piada de mau gosto em um país onde parcela significativa da população sequer tem condições de manter a higiene pessoal por falta de água encanada. Até o G-20, grupo das nações mais ricas do planeta, do qual o Brasil faz parte, indicou, em reunião virtual ontem, a injeção de US$ 5 trilhões na economia mundial para minimizar os efeitos da doença.

 

Mas os dias de Bolsonaro na Presidência parecem estar contados, ao menos essa é a intenção da classe política. Com seu isolamento no planalto central, as articulações para a saída do mandatário estão a todo vapor. A jornalista Maria Cristina Fernandes, do jornal Valor Econômico, publicou ontem artigo onde levanta a hipótese de um novo ‘grande acordo nacional’ que levaria à renúncia do ex-deputado, visto que qualquer outro tipo de afastamento demandaria tempo, algo que o Brasil não tem em meio à anomia administrativa.

 

Em troca de abandonar o cargo, Bolsonaro teria garantida a anistia aos filhos, enrolados com a Justiça. Será que o político ligado às milícias aceitará a proposta? Ou pretende dobrar a aposta na intenção de provocar um caos social que leve à decretação de estado de sítio e posterior fechamento do regime, seu sonho dourado? As Forças Armadas são peça-chave neste processo, tanto para o convencimento do ex-capitão, como para o apoio a um novo golpe. Com o atual estado de servidão dos militares ao Governo Federal, as perspectivas são sombrias.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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