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Em meio às enormes dificuldades que estão evidentes na tramitação da contrarreforma da Previdência na Câmara dos Deputados, ontem o presidente da Comissão Especial, por exemplo, declarou não ter mais nenhum respeito por Paulo Guedes e, ao mesmo tempo, aquela velha prática de compra de votos, podemos assim dizer, está em curso. O governo quer liberar R$ 10 milhões imediatamente para cada deputado, suas emendas, para garantir a votação na Comissão Especial.
Promete logo depois liberar mais R$ 10 milhões e depois mais R$ 20 milhões, seriam R$ 40 milhões para cada deputado, mas nada disso, por exemplo, faz com que a situação que estamos vivendo em termos de crise econômica venha a ser alterada, até porque o problema maior está justamente na política que está em curso há muito tempo, inclusive, na próxima segunda-feira, completamos 25 anos do festejado Plano Real. Teremos a oportunidade de conversar melhor sobre isso na próxima semana, mas que, apesar de serem festejados esses 25 anos, se formos olhar o saldo, me parece muito negativo.
O Banco Central ontem admitiu todos esses equívocos ao apresentar a nova previsão de crescimento, se podemos falar sobre isso, crescimento do PIB para esse ano de 2019: 0,8%. Com isso, vai se cristalizando uma situação dramática e onde principalmente o emprego, degradação dos serviços públicos, a violência, tudo isso vai crescendo em meio a esses equívocos da política econômica. Agora, os equívocos não ficam somente evidentemente na política econômica.
Ontem Bolsonaro e sua equipe chegaram lá no Japão e foi um show de grosserias para todos os lados. Em primeiro lugar, a situação é bastante tensa para essa representação brasileira tendo Jair Bolsonaro à frente. Tudo por conta da questão ambiental, e foi essa questão que levou o presidente Bolsonaro e seu braço direito, general Augusto Heleno, a distribuírem palavras grosseiras e bastante agressivas em relação a seus críticos.
A Ângela Merkel já havia manifestado preocupação com o desmatamento na Amazônia e havia declarado que pretende ter uma conversa clara com Bolsonaro, e o Bolsonaro não se fez de rogado, afirmou que não vai aceitar ser advertido por outros países durante a reunião do G-20, e em relação aos alemães ele falou o seguinte: “eles têm que aprender muito conosco. O presidente do Brasil que está aqui não é como alguns anteriores que vieram por aqui para serem advertidos por outros países” e concluiu, “a situação aqui é de respeito com o Brasil, não aceitaremos o tratamento como no passado”.
O Macron, por sua vez, ameaçou não assinar o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul caso o governo brasileiro insista nessa posição de deixar o Acordo de Paris, e o Bolsonaro acabou tendo hoje um encontro com Macron para procurar esclarecer isso. O problema é que o Augusto Heleno também acompanhou a toada do Bolsonaro e afirmou que “o Brasil é um dos países que mais preserva o meio ambiente no mundo. Quem tem moral para falar de preservação do meio ambiente no Brasil? Esses países que criticam vão procurar a sua turma”.
A questão é essa, a turma do Bolsonaro e seus amigos têm esse estilo miliciano de ser, podemos assim dizer, acham que tudo pode ser tratado na base de falar grosso e, principalmente, reagir com violência a qualquer tipo de crítica que eles escutem. A grande questão é que a imagem do Brasil vai de mal a pior, e para culminar, tivemos esse caso que precisa evidentemente ser esclarecido. Não quero tirar nenhuma conclusão apressada, mas esse caso da detenção do militar com carregamento de 39 quilos de cocaína a bordo de um avião da Presidência teve uma repercussão internacional totalmente negativa.
É nesse contexto que essa turma chega no Japão tirando a maior onda, procurando a pretexto de defender interesses nacionais, o que seria absolutamente legítimo, mas fica tudo muito caricato porque, afinal de contas, o mundo inteiro sabe que esse Bolsonaro e sua equipe batem continência para a bandeira americana, eles se subordinam a um governo que também é pessimamente visto pelo mundo afora, que é o governo de Trump. Então, francamente, o Brasil nunca esteve tão ruim, tão mal, tanto internamente, quanto na sua imagem junto ao exterior.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: