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Editorial – 28.09.2020

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A predileção, digamos assim, da família Bolsonaro pelas transações em dinheiro vivo, sem deixar rastros no sistema bancário, motivou o jornalista Bernardo Mello Franco a apontar, em sua coluna no jornal O Globo do último domingo, a semelhança entre essa turma e o Partido da Causa Operária. O título do texto, que vou passar à leitura nesse nosso espaço editorial, é “Ódio aos bancos une família Bolsonaro ao PCO”.

 

Entre as 33 legendas registradas no Tribunal Superior Eleitoral, nenhuma está mais à esquerda que o PCO. Fundado em 1995, o Partido da Causa Operária defende um levante dos trabalhadores contra a burguesia. Seu programa prega a estatização do sistema financeiro. O objetivo é eliminar os bancos, identificados com a “agiotagem dos capitalistas”.

 

A sigla lançou um bom slogan (“Quem bate cartão não vota em patrão”), mas nunca conseguiu empolgar as massas. Seu eterno presidente, Rui Costa Pimenta, já se candidatou três vezes ao Planalto. Em todas as tentativas, terminou em último lugar, com menos de 0,1% dos votos.

 

Apesar da retórica anticomunista, a família Bolsonaro tem algo em comum com o PCO. A exemplo do partido nanico, o clã odeia os bancos. O sentimento se materializa no apego ao dinheiro vivo, que une filhos e ex-mulheres do presidente.

 

Aos 20 anos, o vereador Carlos Bolsonaro usou “moeda corrente do país, contada e achada certa” para comprar seu primeiro imóvel, na Tijuca. O negócio foi revelado na quarta-feira pelo jornal “O Estado de S.Paulo”. Candidato à reeleição, o Zero Dois não quis se manifestar. Ele concorre ao sexto mandato na Gaiola de Ouro, como é conhecida a Câmara Municipal do Rio.

 

Também na quarta, O GLOBO noticiou que Eduardo Bolsonaro usou dinheiro em espécie na compra de dois apartamentos na Zona Sul. A última aquisição foi feita em 2016, quando ele já era deputado federal. O Zero Três não quis explicar a preferência pelos pagamentos em cash.

 

O senador Flávio Bolsonaro supera os irmãos na modalidade. Em 2010, ele usou dinheiro vivo para comprar 12 salas comerciais na Barra. O negócio foi relatado ao Ministério Público pelas construtoras Cyrela e Brookfield. Em depoimento, o Zero Um confirmou a história. Ele disse que parte da quantia teria sido emprestada pelo pai, o presidente Jair Bolsonaro.

 

Mãe do trio, a ex-vereadora Rogéria Bolsonaro também usou moeda corrente para comprar um apartamento quando era casada com o capitão. A segunda mulher da presidente, Ana Cristina Valle, seguiu a mesma receita. Comprou duas casas, um apartamento e dois terrenos “em moeda corrente”, segundo revelou a revista “Época”.

 

No caso do PCO, a aversão aos bancos é ideológica. O partido sempre defendeu uma “aliança operário-camponesa” em nome da “luta contra a opressão do capital”. No caso dos Bolsonaro, o MP tem outro palpite. A suspeita é que as transações em espécie tenham servido para ocultar a origem dos recursos.

 

Comprar imóveis em cash não é crime, mas costuma chamar a atenção do MP e da Receita. A prática é vista como indício de sonegação e lavagem de dinheiro. Sem passar pelos bancos, os valores não deixam rastros. Podem ser transportados em malas, cuecas ou caixas de sapato.

Os promotores suspeitam que Flávio tenha usado o esquema da rachadinha para engordar o patrimônio. O senador é investigado há dois anos, mas ainda não encontrou uma versão convincente para explicar sua alergia às operações bancárias”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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