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O final de semana foi bastante alvissareiro para todas aquelas forças políticas que no nosso continente sul-americano procuram alternativas para o drama em que nossas populações estão envolvidas em meio às políticas neoliberais. Nesse final de semana, tivemos o recuo do governo Piñera, no Chile, depois de vários dias de manifestações muito fortes, apesar das medidas de emergência decretadas por esse governo.
O Piñera teve de recuar, pediu inclusive que seus ministros entregassem seus cargos e suspendeu as medidas emergenciais, mas a população se manteve nas ruas e principalmente no sábado fez a maior manifestação talvez nos últimos anos, com um número formidável de chilenos se manifestando nas ruas de Santiago, bem como em outras cidades importantes do país.
Mostra muito bem que depois de décadas de experiência neoliberais, e onde principalmente as nossas mídias corporativas apresentavam esse país como uma espécie de modelo sul-americano, a realidade está aos nossos olhos para que tomemos todas as lições possíveis dessa hecatombe produzida justamente por políticas baseados em privatizações, na crença de que o capital estrangeiro é o principal alicerce, instrumento para o desenvolvimento dos nossos países e especialmente nessas políticas que visam apenas fortalecer simplesmente a especulação financeira e os capitais que são controlados pelos especuladores.
Por isso, o que ocorre hoje no Chile é uma lição para todos nós, mas principalmente foi a vitória de Alberto Fernández, na Argentina, que nos traz ainda mais otimismo. É o governo de Macri que vai saindo pelos fundos e reconhecendo totalmente o fracasso de suas políticas quando o próprio Macri convida Alberto Fernández para um café da manhã no dia de hoje para procurar organizar uma transição que seja adequada para o país. Na verdade, a transição que precisamos é o sepultamento das políticas neoliberais.
Não sabemos, de fato, se Alberto Fernández terá condições e, principalmente, vontade política de avançar no sentido que é necessário, mas sem sombra de dúvidas essa derrota de Macri no primeiro turno das eleições argentinas mostra, assim como no Chile, que o caminho neoliberal não é a solução para os nossos problemas, mas temos aqui no Brasil uma batalha e tanto pela frente. Ao contrário desses países onde as políticas neoliberais vão claramente caindo em desgraça frente aos olhos do povo, nós não podemos nos inibir com o que se passa aqui no Brasil.
O governo de Bolsonaro, apesar de todas as situações ridículas em que ele se expõe, vem conseguindo trilhar o caminho de apresentar um conjunto de reformas absolutamente lesivas ao interesse nacional, aos direitos sociais, direitos dos trabalhadores. Esse governo acaba de aprovar uma dita reforma da Previdência que é o mais duro ataque à seguridade social constante na nossa Constituição. Agora prepara-se o governo para apresentar, a pretexto de resolver os problemas dos estados, mais arrocho ainda, inclusive exigindo medidas administrativas que irão enfraquecer ainda mais a capacidade de prestação de serviços sociais do Estado junto à população.
Por isso, mais do que nunca, todas essas lições que vêm do Chile, da Argentina, do Uruguai, onde a Frente Ampla, mesmo depois de muitos anos no governo, consegue levar o seu candidato vitorioso no primeiro turno para o segundo turno. Essas lições, todas elas, devem alertar que sem uma luta política organizada, onde as lideranças políticas assumam a responsabilidade de conduzir o país a uma nova situação junto com o povo, que deve ser organizado e estimulado a participar dessa empreitada, nós não teremos a derrota do bolsonarismo aqui no nosso país. Precisamos abrir os olhos.
É verdade que toda situação na nossa América do Sul principalmente favorece as políticas de vocação popular, mas sem luta, organização, sem conscientização e, especialmente, sem lideranças à altura desse momento, nós simplesmente veremos mais uma oportunidade histórica passar ao nosso largo sem que a gente tenha condições de aproveitar a contento esse momento histórico que deve ser da virada, da derrota do neoliberalismo no nosso continente.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: