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Editorial – 28.10.2020

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Se há algo que nós podemos definir como a crônica de uma tragédia anunciada é esse incêndio que atingiu na manhã de ontem um dos prédios do Hospital Federal de Bonsucesso, localizado na zona Norte do Rio de Janeiro e unidade de referência no atendimento no município., mas que há muito tempo vem enfrentando uma série de problemas. As chamas, que atingiram o prédio 1 do complexo, começaram no subsolo do bloco e atingiram uma área de almoxarifado. As causas ainda estão sendo investigadas.

 

Cerca de 200 pacientes que estavam no prédio foram transferidos para outros setores do hospital. Até mesmo uma borracharia que fica nos arredores do centro de saúde foi utilizada de maneira improvisada para atender as pessoas que estavam internadas no local onde ocorreu o incêndio. Uma mulher que estava em estado gravíssimo por conta da Covid-19 morreu enquanto era transferida para outra unidade.

 

Eu posso dar um depoimento pessoal, já que moro em um bairro próximo ao hospital de Bonsucesso e pude observar a fumaça escura que saía do prédio. Mas como eu dizia no início deste editorial, esse incêndio não pode ser considerado uma fatalidade. Um relatório da Defensoria Pública da União, divulgado em abril do ano passado, apontava diversos problemas que poderiam provocar esse tipo de ocorrência.

 

A própria Defensoria já havia comunicado a direção do hospital a respeito desses problemas. Dentre os erros apontados estavam hidrantes desativados, com mangueiras danificadas e sem qualificação para uso. Não por acaso, no final da manhã, um caminhão-pipa do Corpo de Bombeiros estacionou ao lado do hospital para dar assistência aos brigadistas que tentavam controlar as chamas.

 

Ainda de acordo com o documento da Defensoria Pública, havia alto risco de explosão e inoperância do sistema elétrico. O transformador da subestação principal da unidade de saúde, por exemplo, registrou superaquecimento no momento da vistoria, com a temperatura de operação na casa dos 148°C. Outro equipamento marcava 128°C. Foram encontrados também geradores que não atendiam as normas de segurança.

 

Especialistas que analisaram as instalações classificaram os equipamentos como obsoletos, oferecendo alto risco de curto-circuito e ameaçando a vida dos operadores. Essa ocorrência no principal hospital federal do Rio de Janeiro é mais uma para a conta da gestão de Jair Bolsonaro.

 

Nem mesmo a experiência trágica do hospital Badim, também atingido por um incêndio em setembro de 2019 que causou a morte de 25 pessoas, serviu para que as autoridades, especialmente as do Governo Federal, tomassem uma atitude para garantir o mínimo de segurança a pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde. É o Estado brasileiro entregue às traças.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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