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Editorial – 29.04.2020

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Bolsonaro deu de ombros para a opinião pública e para as denúncias do ex-ministro Sergio Moro e confirmou as expectativas ao colocar sua tropa de choque para comandar investigações e ter acesso aos inquéritos que atingem seus filhos e financiadores de campanha na Polícia Federal. O delegado Alexandre Ramagem, amigo íntimo da família, foi confirmado como novo diretor-geral do órgão na vaga de Maurício Valeixo.

 

No Ministério da Justiça e Segurança Pública, o nome é o de André Mendonça, que ocupava a Advocacia-Geral da União. O mais cotado para o cargo, o ministro da Secretaria Geral da Presidência Jorge Oliveira declinou da indicação por temer as pressões que receberia. No entanto, se havia suspeitas sobre a sua nomeação para o posto, parece que a emenda foi pior que o soneto.

 

Além das ligações com o ex-capitão do Exército, André Mendonça é pastor e o personagem ‘terrivelmente evangélico’ que Bolsonaro anunciou que indicaria ao Supremo Tribunal Federal quando se abrisse a vaga. Para piorar, ele passa a ser uma espécie de elo entre o Executivo e o Judiciário, já que trabalhou por muito tempo com o presidente do STF Dias Toffoli na AGU durante o governo Lula, e ambos cultivam uma relação de amizade. Como bônus, o chefe da República deixa de ter a sombra de uma figura como Sergio Moro, que contava com popularidade maior que a dele.

 

O novo ministro agradeceu a confiança do presidente e já se posicionou garantindo que fará um trabalho técnico à frente da Pasta. Ele só não disse que vai cumprir à risca o que rege a cartilha bolsonarista, atendendo a todos os pedidos do presidente por acesso a informações sigilosas, especialmente a respeito do processo em que seu filho Flávio é acusado de se beneficiar da construção de edifícios ilegais pela milícia no Rio de Janeiro.

 

A análise se estende a Alexandre Ramagem. Aliás, frente à confirmação de sua indicação para dirigir a Polícia Federal, o deputado Marcelo Freixo, do PSOL, ingressou com uma ação popular na Justiça Federal de Brasília para impedir que ele assuma o cargo. O parlamentar aponta desvio de finalidade, por conta de suas ligações com o presidente, e pede uma decisão provisória para suspender os efeitos da nomeação até o julgamento da ação. Freixo classificou a nomeação como política com objetivo de controlar a PF.

 

Resta saber se o Judiciário tomará alguma atitude para impedir Bolsonaro de aparelhar os órgãos de investigação do país e seguir com seu projeto genocida contra a população brasileira em um momento tão importante da nossa história, onde se faz necessária uma administração de pulso firme que atenda as demandas urgentes do país. Na semana do trabalhador, ao invés de oferecer oportunidades de emprego para o povo. O presidente dá trabalho para quem se preocupa com a manutenção da democracia e da independência da Polícia Federal no Brasil.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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