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O resultado das urnas no último domingo, se de alguma forma confirmou o que as pesquisas diziam na maioria dos municípios, de outra reacendeu a esperança de que é possível construir uma candidatura genuinamente progressista no nosso país. Eu me refiro à bela campanha que Guilherme Boulos fez em São Paulo, berço do tucanato no Brasil e que reelegeu Bruno Covas.
Vale registrar que o candidato do PSOL foi muito prejudicado por ter contraído a Covid-19 na semana do último debate, o da TV Globo, o que acabou provocando o cancelamento do duelo de ideias e onde ficaria, mais uma vez, muito clara a capacidade retórica do líder do MTST e seu projeto genuinamente popular, que dialogava com as periferias e áreas pobres da capital paulista, além de conciliar uma esquerda que andava muito afastada nos últimos anos.
Guilherme Boulos desponta como o nome que pode assumir o protagonismo político no campo progressista, com condições de rivalizar com Jair Bolsonaro em 2022, caso haja um improvável entendimento das legendas de centro-esquerda em torno de um nome agregador no pleito de 2022, algo fundamental diante do avanço da extrema-direita no nosso país. Eu espero que ninguém se engane dizendo que o bolsonarismo saiu derrotado nessas eleições, muito pelo contrário. Se o presidente da República não obteve sucesso com seus apoios, o conservadorismo ganhou espaço no interior do país, o que mantém o alerta ligado.
Analisando rapidamente outros resultados, no Rio, deu a lógica. Eduardo Paes (DEM) amassou Marcelo Crivella nas urnas, mandando o Bispo licenciado da Igreja Universal com sua campanha difamadora e seu projeto de poder para o lixo da História. Tivemos também a derrota de Manuela D’Ávilla (PCdoB), em Porto Alegre, confirmando o sentimento antipetista que contaminou toda a esquerda na capital do Rio Grande do Sul nos últimos anos, reduto histórico do pensamento progressista brasileiro.
Em Recife, Marília Arraes (PT) foi outra a perder para a campanha vexatória e baseada em fake news de João Campos (PSB). Vale ressaltar que o Partido dos Trabalhadores não elegeu nenhum prefeito em capitais brasileiras. Já em Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL) afastou o fantasma do bolsinarismo personificado pelo tal do delegado Eguchi (Patriota). Esperamos agora que a bela campanha de Guilherme Boulos em São Paulo contagie a esquerda e se transforme em uma onda que venha a ter condições de afastar o retrocesso que se estabeleceu no Brasil desde o impeachment de Dilma Rousseff.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: