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Conforme ontem comuniquei a vocês, estou saindo de férias a partir de amanhã e o jornalista Cid Benjamin irá ocupar essa função da apresentação diária do nosso programa, e quero deixar o meu balanço a respeito justamente desse mês de janeiro, o primeiro mês do governo de Bolsonaro.
O caminho que o Brasil percorre é perigoso, e é perigoso já, podemos dizer, desde os anos 1990 principalmente por conta das medidas que foram tomadas a pretexto de se enfrentar um problema maior que teria sido uma década perdida, a década de 1980. Sou daqueles que considera que esse caminho que foi escolhido, o da abertura da economia brasileira, das privatizações, das flexibilizações, da apologia da tal da responsabilidade fiscal, nos conduz ao caminho do antidesenvolvimento, se nós raciocinarmos essa palavra em termos de benefícios para nossa população.
O Brasil é um país que precisa se libertar sob o ponto de vista da dependência econômica, da super exploração dos trabalhadores, e sob o ponto de vista da ditadura de uma minoria em relação à maioria do povo, uma ditadura não somente política como principalmente econômica, mas especialmente a crise que foi produzida pelo governo de Dilma, que nos levou a uma recessão terrível em 2015 e 2016, acabou por desembocar nessas eleições de 2018 onde tivemos a vitória inusitada do ex-capitão Bolsonaro.
Vitória essa que não teria sido possível sem o concurso do Poder Judiciário que ontem mais uma vez deu mostras da sua seletividade em torno das decisões judiciais que, na prática, impediram o ex-presidente Lula de ir ao sepultamento do seu irmão, algo que a lei de Execuções Penais facultaria ao ex-presidente e às autoridades penitenciárias ou judiciais. Mas a decisão do senhor Toffoli, presidente do Supremo, veio de maneira enviesada e principalmente muito tarde, com isso Lula não pôde ir ao velório do seu irmão.
Mas eu toco nesse ponto pelo seguinte, nós não teríamos o governo Bolsonaro não fora justamente a participação ativa do Poder Judiciário no processo eleitoral, inclusive impedindo o próprio ex-presidente Lula a concorrer, bem como o apoio que foi dado à campanha de Bolsonaro pela alta cúpula das Forças Armadas, especialmente do Exército.
Isso é muito grave porque há o envolvimento em primeiro lugar de um Poder Judiciário que deveria se comportar como principal guardião da Constituição, conforme inclusive os ministros do Supremo gostam de caracterizar a dita Suprema Corte, mas, por outro lado, tivemos a participação sim do alto comando, especialmente do Exército, em vários momentos importantes, inclusive quando o general Villas Bôas claramente através de um tuíte mandou um recado ao Supremo Tribunal Federal na véspera do julgamento de um habeas corpus que poderia beneficiar o ex-presidente.
Além disso, o próprio Bolsonaro, quando da passagem do comando do Exército, rendeu claras homenagens a Villas Bôas, inclusive mandou recados cifrados a respeito de segredos entre os dois, segredos que dizem respeito à campanha eleitoral. Com tudo isso, é necessário que a sociedade brasileira como um todo tenha clareza que por trás dessas armações podemos dizer do Poder Judiciário, por trás dessas articulações envolvendo o alto comando do Exército, existem os interesses objetivos dos financistas e no governo Bolsonaro estão encarnados na figura de Paulo Guedes, que promete privatizações selvagens, a entrega do patrimônio brasileiro principalmente para empresas estrangeiras.
Portanto, mais do que nunca, é necessário que estejamos muito atentos para o que vem, o que vai se desenrolar nesses próximos meses. A partir de amanhã, teremos abertos os trabalhos legislativos. Tudo indica que Rodrigo Maia se manterá na presidência da Câmara e Renan Calheiros na presidência do Senado.
Tudo indica que haverá um rolo compressor por parte justamente do Ministério da Economia comandado por Paulo Guedes, mas respaldado pelos militares, pelo Poder Judiciário, pelos financistas do nosso país para mudanças ainda mais graves que afetarão a perspectiva de uma independência econômica e, principalmente, de um processo de desenvolvimento que diga respeito aos interesses da maioria da nossa população.
Por isso, a organização, a unidade dos trabalhadores e a consciência sobre todos os riscos que estão em curso serão peças fundamentais de uma resistência que eu quero que se transforme em ofensiva contra esse projeto liberal. Precisamos, defendendo os interesses da maioria da população, levantar bandeiras com a clareza de procurar buscar novos caminhos para o Brasil, caminhos que consagrem a geração de empregos, a distribuição de renda e riqueza e a necessidade de uma democracia de fato que atenda a maioria do povo brasileiro. Essas são as minhas expectativas e, principalmente, me parece a necessidade de milhões de brasileiros que precisam de outro futuro.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: