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Por Eduardo Henrique*
Uma greve provavelmente não está colocada para esta semana, será uma medida de força e provavelmente polêmica na sociedade e na categoria, mas sim, queremos discutir nos próximos dias com os trabalhadores (próprios e terceirizados de dentro e de fora da Petrobrás) quais recursos temos para enfrentar esses irresponsáveis vendilhões acastelados na direção da Petrobrás.
Como iremos nos proteger, a nossos familiares e a toda a sociedade, se demitem justamente quem está se sacrificando para manter a produção dos produtos necessários ao combate à Covid-19?!
Cruéis, covardes e desumanos – temos que chamar a atenção da sociedade também para quem está no poder na Petrobrás.
A insuficiência e morosidade das medidas tomadas até agora e a punição no lugar do diálogo pode nos levar à greve.
* Eduardo Henrique é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)
Veja abaixo a carta aberta da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP):
“Nós, petroleiros e petroleiras da PETROBRÁS estamos mais do que nunca comprometidos com o abastecimento do país. Somos nós que trabalhamos dia e noite em escalas exaustivas, em locais perigosos e insalubres, muitas vezes confinados em plataformas em alto mar longe das nossas famílias para garantir que o diesel, a gasolina e o gás cheguem até o povo brasileiro. Carregamos a bandeira do Brasil no nosso uniforme e muito nos orgulha prestar esse serviço essencial de Norte a Sul do país.
Diante da pandemia do coronavírus, nos colocamos à disposição para o combate e para buscar formas de seguir trabalhando sem nos transformar em vetores de transmissão do vírus, nem comprometer a saúde e a segurança dos nossos colegas, famílias e comunidade. Nesse sentido, várias propostas foram feitas e não houve qualquer negociação por parte da direção da empresa.
Viemos a publico denunciar que a política do Bolsonaro e dos seus subordinados a frente da empresa é totalmente IRRESPONSÁVEL. Estão se negando a reduzir as atividades da empresa ao essencial para manter ambulâncias, hospitais, alimentos, remédios, o botijão de gás, ou seja, o que é essencial para o povo. Com a quantidade de pessoas que ainda circulam sem necessidade pela empresa podemos ser vetores de transmissão, além da hipótese de provocar um adoecimento generalizado que inviabilizaria a continuidade operacional.
Além disso, entendemos que a PETROBRÁS, como empresa estatal, nesse cenário de crise humanitária, deve cumprir com sua responsabilidade social. O lucro da empresa até agora foi gigantesco e agora o país precisa da empresa para enfrentar essa crise. A importância de ter uma empresa estatal com produção nacional é justamente essa: poder resistir a um cenário de crise global garantindo as necessidades básicas da população. Uma medida importante que pode ser feita pela empresa é subsidiar o botijão de gás. A PETROBRÁS tem que ser do povo brasileiro permitindo um país soberano respeitando quem faz tudo acontecer, quem produz: o trabalhador.
É desumano e absurdo, portanto, que a PETROBRÁS demita nesse cenário de crise. Hoje ela emprega mais de 100 mil terceirizados que se veem agora ameaçados pela redução das atividades. A PETROBRAS deve manter os contratos e pagamentos indicando que as empresas deem licença remunerada ou quarentena aos terceirizados, impedindo que estas empresas e estes trabalhadores sejam prejudicados ou sejam expostos ao coronavírus. No mais, a empresa extrapolou todos os limites quando demitiu (por telefone) e suspendeu trabalhadores que participaram da última greve petroleira em meio a essa crise social e econômica, aplicando punições à revelia do acordo firmado na Justiça do Trabalho. É um ataque à democracia e, mais que isso, é uma profunda covardia e desumanidade.
Por isso tudo, defendemos:
1. Parada imediata de todas as atividades não essenciais e negociação com as Federações de Petroleiros do contingente mínimo para garantir os serviços à população, à segurança e saúde dos trabalhadores e à comunidade, ao abastecimento nacional e à continuidade operacional no pós crise.
2. Garantir todas as medidas de prevenção nas unidades da PETROBRÁS: EPI, álcool gel, etc.
3. Subsídios ao gás de cozinha e distribuição subsidiada do gás – Isso é essencial. Com o preço atual muita gente pode morrer de fome num cenário em que haverá uma diminuição brutal das atividades econômicas, com aumento do desemprego e falta de renda.
4. Fim do PPI (Preço de Paridade de importação) e das privatizações – Nós produzimos no Brasil. Nossos preços devem considerar o custo local e não se regular pelo dólar e pela importação. Essa política tem prejudicado caminhoneiros e sociedade em geral. Só serve para beneficiar empresas estrangeiras e favorecer a venda das nossas refinarias e do patrimônio nacional a preço de banana.
5. Nenhuma demissão, nem corte de salários. Além de desumano, isso é temerário por tornar ainda mais a frágil economia do país.
6. Nenhuma punição aos grevistas. Reintegração imediata dos demitidos, reversão das suspensões e advertências.
Caso não haja negociação, diante da profunda IRRESPONSABILIDADE da gestão da PETROBRÁS, os trabalhadores serão obrigados a discutir a retomada da greve petroleira agora para a preservação da saúde da sociedade e dos trabalhadores e reversão das desumanas punições.
Federação Nacional dos Petroleiros – FNP”